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'Face Oculta': MP acusa 34 pessoas e duas empresas

Entre os acusados encontram-se o ex-presidente da REN, José Penedos, Armando Vara, ex-ministro socialista e ex-administrador do BCP e Manuel Godinho, “o amigo do PS”.
O empresário Manuel José Godinho é único detido em prisão domiciliária, no âmbito do processo 'Face Oculta', e foi agora acusado pelo Ministério Público. Paulo Novais/LUSA

O Ministério Público (MP) anunciou esta quarta-feira que decidiu acusar formalmente a totalidade dos arguidos do processo 'Face Oculta', isto é, 34 indivíduos e duas empresas, por associação criminosa, corrupção, participação económica em negócio e tráfico de influências, entre outros ilícitos.

Uma nota do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Baixo Vouga adianta que os 36 arguidos foram acusados por "furto qualificado, burla qualificada, associação criminosa, corrupção activa e passiva para acto ilícito, participação económica em negócio, tráfico de influência, corrupção activa e passiva no sector privado, falsificação de notação técnica e de perturbação de arrematações".

No relatório final da investigação, a Polícia Judiciária considerou existirem elementos suficientes para acusar a totalidade dos arguidos do processo 'Face Oculta', recomendação que vai ao encontro da decisão comunicada agora pelo MP.

O processo Face Oculta investiga alegados casos de corrupção e outros crimes económicos de um grupo empresarial de Ovar que integra a O2-Tratamento e Limpezas Ambientais, a que está ligado Manuel José Godinho, o único arguido que se encontra em prisão preventiva no âmbito deste processo.

Mas entre os arguidos estão personalidades como o então presidente da REN-Redes Eléctricas Nacionais, José Penedos, que foi suspenso de funções pelo juiz de instrução, e Armando Vara, ex-ministro socialista e que entretanto se demitiu do BCP, onde desempenhou funções de administrador.

Paula Vitorino acusa Mário Lino

Segundo avançou o Diário de Notícias (DN), na sua edição desta quarta-feira, a ex-secretária de Estado dos Transportes Ana Paula Vitorino revelou ao MP que o então ministro das Obras Públicas socialista, Mário Lino, a terá tentado sensibilizar para os problemas que existiam entre o empresário Manuel Godinho e a Refer. O ministro terá tentado convencer a secretária de Estado a intervir no processo, alegando que Godinho era “amigo do PS”.

O DN adianta que este depoimento, prestado na qualidade de testemunha, responde à tese da acusação do processo 'Face Oculta', que defende que houve tráfico de influências e ligações políticas no sentido de beneficiar Manuel Godinho na obtenção de contratos de recolha de lixo e sucata.

Já em Março, o jornal Sol já tinha noticiado as alegadas pressões do antigo ministro a Ana Paula Vitorino, com a divulgação das escutas constantes do processo.

Os alegados problemas entre Godinho e a Refer eram judiciais, havendo um processo movido pela empresa ferroviária a uma das sociedades do empresário. Além disso, o administrador da empresa, Luís Pardal, teria dado ordens para que não fosse adjudicado mais nenhum concurso a Manuel Godinho. O facto de Ana Paula Vitorino se ter recusado a afastar Luís Pardal causou grande irritação no empresário detido, informou o mesmo jornal.


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