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Torre de Picoas: denúncia do Bloco prova falhas graves de segurança

Parecer técnico, feito na sequência de uma acusação do Bloco de falha de segurança na obra dá razão ao grupo municipal, propõe medidas cautelares urgentes e prova que contrariamente ao afirmado pelo vereador não houve de paragem da obra.
Edifícios que ocupavam o terreno onde agora está a ser construída a torre.

No último plenário da Assembleia Municipal de Lisboa (AML), o grupo parlamentar do Bloco sublinhou que o livro de obra da construção da torre de Picoas descrevia deformações na estrutura que iam para além do normal. Por essa razão, Ricardo Robles, deputado municipal bloquista pediu um parecer técnico sobre a segurança da construção, que foi entregue à Câmara Municipal de Lisboa pelo engenheiro Júlio Appleton.

No seu parecer, Appleton deu razão ao Bloco em vários pontos. Em primeiro lugar, o engenheiro descreve as deformações como graves e preconizou medidas preventivas imediatas. Em segundo, o parecer técnico confirmou a implantação de estacas fora do limite do lote do terreno, mas de acordo com um plano previsto, ou seja, o edifício foi construído, de forma planeada, além dos limites legais do lote, algo que também já tinha sido denunciado por Ricardo Robles. O deputado municipal considera que só pode ter havido uma ordem vinda diretamente da CML (Câmara Municipal de Lisboa) para que isso tivesse acontecido.

Por último, Júlio Appleton afirmou que lhe foi confirmado pelos engenheiros responsáveis que, após a ordem de paragem da obra oral (a 9 de dezembro), esta continuou, pelo menos, até fevereiro, tal como na altura tinha acusado o deputado bloquista. Sobre este ponto, o Bloco conclui que, ou a CML não está na posse de toda a informação, ou não está a dar à AML a informação que deveria.

Porque as obras não pararam quando deveriam, criou-se um problema de segurança e estabilidade com o terreno, que tem de ser resolvido rapidamente. Assim que recebeu o parecer técnico, o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, reenviou-o ao director municipal de Urbanismo num mail com a indicação de que é urgente intervencionar a obra. Estas medidas cautelares já estão em curso.

 Ontem, Júlio Appleton esteve presente na AML a explicar o seu parecer. Sobre a audição, Ricardo Robles, que é engenheiro civil, afirmou ao esquerda.net que “a audição foi esclarecedora e taxativa sobre três pontos essenciais desta polémica: os trabalhos feitos na via pública são irreversíveis, as estacas em betão armado foram implantadas na via pública conforme previsto em projeto aprovado pela CML e, por último, a obra não parou, contrariando a versão da CML de que a ordem verbal de paragem foi acatada. O tratamento excepcional, e facilitista, deste processo por parte da CML é absolutamente inaceitável”.

O Grupo Municipal do Bloco em Lisboa enviou em abril uma carta à Presidente da Assembleia Municipal, Helena Roseta, descrevendo as ilegalidades cometidas na construção do edifício. Helena Roseta efetuou, de seguida, a comunicação obrigatória ao Ministério Público, cujo resultado ainda não é conhecido. 

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