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“Para a Grécia, a era da austeridade, dos memorandos e da troika terminou”

Costas Zachariadis, dirigente do Syriza, afirmou no comício do Bloco em Lisboa que o centro das políticas do seu partido “não é reformar a Grécia; é transformar a Grécia”. Zachariadis denunciou ainda que “o governo de direita alemão e os seus aliados mais próximos, como o Sr. Rajoy e o Sr. Coelho, intensificaram a sua ofensiva”, nos últimos dias.
Costas Zachariadis, dirigente do Syriza. Foto André Beja

Costas Zachariadis interveio na sessão do Bloco de Esquerda, realizada neste sábado no Fórum Lisboa, na capital, onde falaram também Rafa Mayoral do Podemos de Espanha, Catarina Martins, Marisa Matias e outros/as dirigentes do Bloco de Esquerda.

Zachariadis começou por referir que “a vitória eleitoral do Syriza a 25 de janeiro deu uma nova esperança a milhões de pessoas que sofrem com a austeridade na Europa” e sublinhou que é preciso “respeitar a democracia e a expressão da livre vontade dos povos”.

“Para a Grécia, a era da austeridade, dos memorandos e da troika terminou”, afirmou então o dirigente do Syriza, considerando que “aqueles que agem como se os gregos nunca tivessem votado ou como se o seu voto fosse reversível, mais não fazem do que tornar a Europa irrelevante aos olhos dos seus próprios cidadãos”.

Salientando que, “ao longo dos últimos 5 anos”, a Grécia foi usada como “campo de experimentação para o estabelecimento da nova estratégia europeia neoliberal da austeridade”, o dirigente do Syriza enumerou alguns dados fundamentais da situação do país e da crise humanitária que vive.

Zachariadis referiu que o seu país está em recessão há seis anos, que a dívida pública aumentou de 120% para 178% do PIB, que o PIB caiu 25% em 4 anos, que a taxa de desemprego é de 27% e 60% na juventude, que “um terço da população grega perdeu acesso à segurança social e saúde gratuita, incluindo a vacinação gratuita das crianças”, que “a taxa de suicídios aumentou 40% desde 2007” e que “centenas de milhares de famílias perderam o acesso à eletricidade”.

Foto de Filipa Gonçalves


“Confrontado com uma crise humanitária sem precedentes, o povo grego deu um passo histórico a 25 de janeiro: Rejeitou massivamente a austeridade e deu ao Syriza a oportunidade de se tornar no primeiro partido da esquerda grega na história a assumir responsabilidades governativas”, afirmou Zachariadis, realçando no entanto que “depois de cinco anos de declínio económico e catástrofe social, o nosso país permanece num situação económica desesperada”.

Considerando que “é absolutamente vital para a Grécia ter a sua dívida pública reestruturada”, o dirigente do Syriza salientou que o país “precisa de margem de manobra orçamental para voltar a ganhar capacidade para planear e organizar a sua economia”.

Costas Zachariadis referiu no entanto que “mesmo que fossemos capazes de eliminar a totalidade da dívida pública, esta voltaria a crescer, se não erradicássemos as suas causas subjacentes” e apontou que por isso precisam de “reformas”, de “concretizar o Contrato para a recuperação e o crescimento para que possamos garantir que, se conseguirmos a sustentabilidade da dívida e uma margem de manobra orçamental adequada, teremos um modelo que seja sustentável do ponto de vista económico e sensível às aspirações democráticas, sociais e ecológicas”.

Confrontado com uma crise humanitária sem precedentes, o povo grego deu um passo histórico a 25 de janeiro: Rejeitou massivamente a austeridade e deu ao Syriza a oportunidade de se tornar no primeiro partido da esquerda grega na história a assumir responsabilidades governativas

“As prioridades imediatas do nosso movimento de reformas visam responder à crise humanitária e à necessidade desesperada de confrontar os problemas crónicos da Grécia ao nível da evasão fiscal e corrupção” afirmou o dirigente do Syriza, realçando que “o núcleo das nossa políticas não é reformar a Grécia; é transformar a Grécia”.

“Nos últimos dias, o governo de direita alemão e os seus aliados mais próximos, como o Sr. Rajoy e o Sr. Coelho, intensificaram a sua ofensiva e a sua rigidez contra a Grécia, numa tentativa desesperada de evitar um gesto político de tolerância em relação às reivindicações gregas”, denunciou o dirigente do Syriza, sublinhando: “Estamos confiante e estamos determinados, porque sabemos que a maioria esmagadora da sociedade grega está ao nosso lado. De acordo com o primeiro estudo de opinião depois das eleições, a tática de negociação e exigências do governo recolhem um apoio impressionante de 70% dos gregos, enquanto o Syriza atinge os 46% de intenções de voto”.

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