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"O último a sair que apague a luz" é a mensagem de Passos Coelho aos portugueses

Em reação às declarações de Passos Coelho, que aconselhou os professores que ficaram sem emprego a irem trabalhar para o Brasil ou Angola, o dirigente bloquista Jose Gusmão diz que depois dos jovens e dos professores, falta saber "quem será o próximo conjunto de portugueses a quem o Governo apontará a porta da rua". O Bloco considera ainda que a promessa de baixar impostos em ano de eleições contrasta com a "borla fiscal" à banca que se poderá estender por 20 anos.
José Gusmão a conferência de imprensa do Bloco. 18 Dezembro 2011

Foi numa entrevista publicada este domingo no Correio da Manhã que Passos Coelho sugeriu aos professores desempregados que "querendo manter-se sobretudo como professores, podem olhar para todo o mercado da língua portuguesa e encontrar aí uma alternativa”. “Em Angola e não só. O Brasil tem também uma grande necessidade ao nível do ensino básico e secundário”, acrescentou o primeiro-ministro.

Para José Gusmão, "Passos Coelho tem uma mensagem tão direta quanto brutal a todos os portugueses: o último a sair que apague a luz". Em conferência de imprensa este domingo, o dirigente bloquista recordou que "infelizmente, este tipo de declarações tem precedentes neste Governo: já tinha sido dirigido um apelo semelhante aos jovens" em outubro, pela voz do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Alexandre Miguel Mestre.

No entender do Bloco de Esquerda, são declarações "da maior gravidade", para mais tratando-se do líder dum Governo "que aumentou o número de alunos por turma, contribuindo para agravar o aumento do desemprego para quem trabalha na área da educação".

Outra reação às palavras de Passos Coelho veio do líder da Fenprof, citado pela agência Lusa. “Penso que o senhor primeiro-ministro podia aproveitar [a sugestão] e ir ele próprio desgovernar outros países e outros povos. Não desejo no entanto que esses países e esses povos sejam os nossos irmãos de língua portuguesa”, afirmou Mário Nogueira.

A propósito desta mesma entrevista ao Correio da Manhã, José Gusmão acusou Passos Coelho de ter posto em marcha "a operação da campanha eleitoral para 2015", ao prometer baixar os impostos nesse ano, "ao mesmo tempo que oferece planos de redução de pagamento de impostos à banca para os próximos 20 anos e impõe medidas de austeridade fiscal" aos trabalhadores e reformados.

Segundo o dirigente bloquista, esta "borla fiscal" à banca surge "na sequência dum negócio absolutamente ruinoso para o Estado e a Segurança Social pública que foi a transferência dos fundos de pensões da banca que descapitalizaram a Segurança Social e vão permitir aos bancos poupar nos impostos num prazo "que se poderá prolongar até 20 anos".

Para José Gusmão, Passos Coelho tornou-se "num autêntico agente de vendas da própria banca na promoção de produtos privados de planos de reforma", ao dizer nesta entrevista "que as pessoas devem começar a investir em soluções privadas de poupança para a reforma porque a Segurança Social só poderá garantir reformas pela metade no futuro". São razões para o Bloco defender que a política fiscal deste governo "não serve os interesses da economia nem os interesses das pessoas que trabalham, mas sim os interesses eleitorais do Governo e das suas ambições de renovação de mandato".

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