Os moradores de duas aldeias do xisto ameaçadas pelo incêndio de 18 de junho querem evitar um novo cerco pelas chamas. Ferraria de São João, no concelho de Penela, deu o exemplo este domingo com a aprovação unânime de uma moção da assembleia de moradores. O plano passa por criar uma zona de proteção com pelo menos cem metros à volta da aldeia, onde serão plantadas árvores folhosas como sobreiros ou carvalhos e arrancados todos os eucaliptos.
À volta da aldeia o pouco verde que se vê vem das folhas dos sobreiros. “Foi a demonstração a quem não queria acreditar. Provou a todas as pessoas que não acreditavam”, afirmou à Lusa Pedro Pedrosa, presidente da associação de moradores. O próximo passo é proceder ao cadastro dos terrenos, identificando as parcelas nas próximas semanas, com os moradores mais “ambiciosos” a preverem que a zona de proteção sem eucaliptos poderá ir até aos 500 metros.
O exemplo de Ferraria de São João poderá ser seguido por outra aldeia do xisto a menos de dez quilómetros de distância. Segundo o Jornal de Leiria, os moradores de Casal de São Simão, no concelho de Figueiró dos Vinhos, irão reunir-se no dia 23 de julho para discutirem a plantação de nogueiras, carvalhos, castanheiros e outras folhosas, além de manterem as terras livres para uso comunitários, sem a presença dos eucaliptos e acácias que rodeavam a aldeia ameaçada pelo fogo de 18 de junho.