Juros da dívida portuguesa batem novo recorde

11 de novembro 2010 - 16:17

Analistas e governo diziam que os juros iriam baixar depois da aprovação do Orçamento. Nada disso aconteceu. Francisco Louçã diz que "A especulação mora num balcão de um banco perto de si."

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Foto da Lusa

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Os juros da dívida pública portuguesa atingiram esta quinta-feira os 7,5% na dívida a 10 anos, um novo recorde histórico. A nova alta de juros ocorre depois de Portugal ter colocado na quarta-feira mais de 1.200 milhões de euros em obrigações a 10 e a 6 anos, numa operação que, na opinião do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, “correu bem”.

A constante subida dos juros da dívida soberana contradiz as sucessivas afirmações de membros do governo e de analistas económicos que sustentavam que só a aprovação do Orçamento de Estado de 2011 poderia “acalmar os mercados” e fazer baixar os juros. Nada disso aconteceu, e os juros não pararam de subir depois da aprovação do Orçamento.

Esta quinta, Teixeira dos Santos já apresentou outra justificativa para a subida, que reflectiria “incertezas quanto à indefinição do mecanismo permanente de gestão de crises, pois os obrigacionistas têm receio de serem chamados a suportar grandes perdas”. O ministro referia-se às propostas do governo alemão de Angela Merkel, que quer que os financiadores dos países que recorram ao fundo de emergência suportem uma parte dos prejuízos de eventuais incumprimentos ou reestruturações das dívidas públicas desses países. A proposta, no entanto, ainda é só isso – uma proposta –, e mesmo que seja adoptada só entraria em vigor em 2013.

Certo é que há um novo ataque especulativo que tem como alvo os países em situação mais frágil. Em primeiro lugar a Irlanda, cujos juros a dez anos já ultrapassaram os 9%; segue-se Portugal, e depois Espanha (4,5%) e Itália (4,1%).

Bancos portugueses fazem parte dos corsários, diz Louçã

No seu perfil do Facebook, o coordenador do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, publicou a propósito o seguinte comentário:

"Já o tenho dito, repito: os bancos portugueses que exigem cortes de salários e de abonos de família, e que aplaudem o acordo entre o PS e PSD para o orçamento, fazem parte dos corsários que estão a comprar a dívida pública nacional com juros de mais de 7%. Ontem, compraram mais de 350 milhões em títulos.

Isto é, como juro de 7%, por cada milhão que o BPI, BES, BCP ou outros investem em títulos da dívida portuguesa, exigem o pagamento de 2 milhões dentro de dez anos. Ficamos a pagar impostos para garantir esta renda.

Compreende-se porque querem o aumento dos impostos. "Fizemos tudo bem", dizia Ricardo Salgado, do BES, a  propósito do acordo orçamental que patrocinou. Tudo bem feito. Pagamos o dobro do que nos emprestam.

A especulação não é só criada pelos fundos de capitais alemães ou chineses. A especulação mora num balcão de um banco perto de si."