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Juros da dívida pública atingem os 7,1%

Esta quarta-feira, à semelhança do que já acontecera ontem, os juros da dívida pública ultrapassaram o limite apontado pelo Ministro das Finanças para a entrada FMI em Portugal. No leilão realizado esta quarta-feira, o Estado endividou-se a uma taxa média de 6,8 %, valor máximo desde a entrada do euro.
Teixeira dos Santos chegou a afirmar que se os juros da dívida pública atingissem os 7%, Portugal recorreria ao FMI. Quarta-feira realiza-se um leilão da dívida e muitas são as expectativas sobre quais as consequências da escalada dos juros nesta transacção. Foto de Miguel Lopes, Lusa.

Contrariando as previsões de muitos analistas económicos e do próprio Ministro das Finanças, que previam que os juros iriam baixar com a aprovação do Orçamento do Estado para 2011, esta terça-feira, no mercado secundário, a taxa de juro da dívida pública portuguesa chegou a atingir os 7,016%.  Já na manhã de quarta-feira, os juros atingiram os 7,1%. Portugal pagará cada vez mais pelo dinheiro que pede emprestado.

A subida dos juros da dívida pública tem sido constante nos últimos meses, tendo batido todos os máximos. Este novo recorde histórico é atingido no dia em que se realizaram leilões de dívida pública.

Esta quarta-feira foram colocados à venda Obrigações do Tesouro de 686 milhões de euros a dez anos e 556 a seis anos. No primeiro caso, o Estado endividou-se a uma taxa média de 6,806 %, valor máximo desde a entrada do euro e 9% superior à taxa registada na emissão de setembro. No que respeita  à emissão de Obrigações do Tesouro a seis anos,  o juro atingido - 6,156%, representa, segundo noticia o Público, uma dramática subida de 40,8 por cento da taxa cobrada, face à última emissão a seis anos, feita em 25 de agosto.

Em Outubro,o ministro Teixeira dos Santos havia estipulado que, caso a dívida atingisse os 7%, seria necessário recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Esta inevitabilidade já foi contestada por Vieira da Silva, que veio contrariar as afirmações do responsável pela pasta das finanças, ao rejeitar o limite de 7% para recorrer ao fundo europeu e ao FMI.

Possível aquisição de divida pública portuguesa por parte da China

A visita oficial do líder chinês a Lisboa alimentou expectativas no sentido da aquisição da China de parte da dívida pública portuguesa, no entanto, a visita terminou sem qualquer comunicação oficial nesse sentido.

Certo é que se especula sobre a disponibilidade deste país em aproveitar oportunidades de negócio oferecidas pelos países endividados a “preços de saldo” em troca da aquisição de dívida pública.

Francisco Louçã aponta responsabilidade de bancos portugueses

Num comício realizado no Porto, o coordenador do Bloco afirmou que "A subida dos juros da dívida pública portuguesa é pressionada pelos bancos portugueses, que com isso conseguem uma vantagem cada vez maior". Francisco Louçã lembrou que são os responsáveis dos principais bancos, como "Ricardo Salgado, Carlos Santos Ferreira e Fernando Ulrich", quem pede "empréstimos de curto prazo ao BCE [Banco Central Europeu], a um por cento" e depois reciclam "esse dinheiro comprando títulos do seu próprio país a quase sete por cento". 

O coordenador do Bloco adiantou ainda que "Estamos a dar-lhes condições para poderem pedir ao BCE um financiamento que o Estado português não pode ter, mas eles podem e têm, e com esse dinheiro especulam contra o seu próprio país".

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