O antigo diretor da área internacional do BCP, entre 2000 e 2004, e atual governador do Banco de Portugal declarou em tribunal que não tinha conhecimento de qual era a prática das offshoresdo banco e afirmou: "Só tomei conhecimento da existência destas ‘offshores' no dia em que fui testemunhar [nos processos de contra-ordenação]”.
“Não tinha conhecimento de qual era a prática da gestão discricionária, nem tinha conhecimento que não havia 'ultimate beneficial owner' [beneficiário último]» das mesmas, afirmou Carlos Costa, que referiu ainda que não tinha conhecimento "nem da prática associada [às offshores] nem sequer conhecimento que os últimos beneficiários não estavam identificados".
A procuradora do processo, Teresa Almeida, perguntou então ao atual governador do Banco de Portugal: “Então o senhor doutor [Carlos Costa] é como o homem que num armazém põe "confere"?.
O governador do Banco de Portugal respondeu: “Essa observação desvirtua o meu raciocínio. Eu não sou nenhum capataz de conferências”.
Carlos Costa justificou os pareceres favoráveis que deu no BCP à renovação dos créditos das 17 offshorese que estão na base dos processos aos ex-administradores do BCP com a “confiança” na cadeia de decisão: “Numa cadeia de produção como é um banco, trabalha-se com base numa relação de boa-fé e de lealdade”, justificou-se Carlos Costa.
Carlos Costa foi ouvido como testemunha no julgamento em que o Ministério Público acusa Jardim Gonçalves e Filipe Pinhal, ex-presidentes do BCP, e os ex-administradores Christopher de Beck e António Rodrigues, dos crimes de manipulação de mercado e falsificação de documentos.