Francisco Louçã: Telenovela dos banqueiros revelou quem são os donos do país

17 de abril 2011 - 3:22

Em São João da Madeira, Francisco Louçã salientou que a intervenção do FMI “é a consequência, o instrumento e o meio da política que o Governo desencadeou há vários anos com a criação de desemprego, a destruição da indústria, o ataque aos pensionistas”.

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Odete Costa é a segunda candidata do Bloco pelo círculo de Aveiro - Foto de Paulete Matos

No círculo de Aveiro, o objectivo do Bloco de Esquerda nas próximas eleições legislativas é eleger a segunda candidata, Odete Costa, revelou Francisco Louçã que salientou na sua intervenção que “não existe esta troika [FMI-CE-BCE] sem outra dentro de portas, que é a do PS com o PSD e o CDS”, realçando que “todos querem chegar ao Governo sem qualquer proposta".

Estas afirmações foram feitas num jantar-comício realizado neste sábado em São João da Madeira, em que antes do coordenador da comissão política do Bloco, intervieram os dois primeiros candidatos às eleições legislativas pelo círculo de Aveiro: Pedro Filipe Soares, actual deputado e  Odete Costa. Interveio ainda Moisés Ferreira, de São João da Madeira e quarto candidato.

Segundo a agência Lusa, Francisco Louçã referiu-se ainda às intervenções públicas que se seguiram à demissão do Governo por parte dos “homens da banca, patrões da Sonae e outros poderosos” e comentou “a telenovela em que todos os dias um banqueiro e depois o outro” apoiaram publicamente a chegada do FMI: “Vimos os homens mais ricos do país darem as suas ordens – baixar os salários, [criar] mais desemprego, mudar a lei laboral, [provocar] mais precariedade, atacar a Segurança Social, [avançar com] privatizações”. “Pela primeira vez”, sintetizou o dirigente do Bloco, “Portugal viu os seus donos”.

Segundo Francisco Louçã, votar no PS, no PSD ou no CDS, nas eleições de 5 de Junho, é “a mesmíssima coisa”, na medida em que, tal como a troika é uma estrutura tripartida, em que FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu constituem “três faces da mesma moeda”, também esses partidos “estão juntos para fazer um garrote à economia e à sociedade portuguesa”.

Antes de Francisco Louçã, o deputado Pedro Filipe Soares denunciou a escandalosa situação que está a acontecer no Hospital de S. Sebastião, na Feira, onde os visitantes de utentes internados são obrigados a pagar uma caução de 15 euros, no levantamento dos cartões de visita, o que considerou uma inaceitável discriminação “de quem está economicamente mais frágil”. O deputado afirmou também que a política do Governo em relação à banca têm sido só facilidades, enquanto à maioria da população impõe uma dura austeridade. E concluiu, referindo-se a Sócrates: “Quem anda a toque de caixa da banca não a contraria”.

Odete Costa, segunda candidata, denunciou a contradição entre as promessas do PS e a as realizações do Governo, lembrando a promessa da criação de 150 mil novos postos de trabalho e a dura realidade da existência de 700 mil desempregados.

Moisés Ferreira, o primeiro orador, considerou que a situação de bancarrota é resultado dos acordos entre PSD CDS e PS, “os partidos do BPN e submarinos”, e salientou que “o FMI vai abençoar o 'casamento' PSD e PS”. Para Moisés Ferreira, as próximas eleições de 5 junho serão um dos momentos mais importantes para o Bloco, no qual irá demonstrar e reforçar a sua força.

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