Em 2008, o governo garantiu à Assembleia da República que o empréstimo por parte dos maiores bancos portugueses ao BPP, com garantia do Estado, estaria mais que coberto pelos activos do banco. O Banco de Portugal confirmava-o no comunicado emitido a 1 de Dezembro de 2008: “A garantia prestada pelo Estado tem como contra garantia o penhor de activos do balanço do BPP no montante de cerca de 672 milhões de euros”.
Por várias vezes desde então, o Bloco de Esquerda levantou o assunto no parlamento, questionando directamente o ministro das Finanças sobre o destino dos 450 milhões, dado que os depositantes nada tinham recebido. Ao invés, foi noticiado que banco norte-americano JP Morgan recebeu mais de 200 milhões do dinheiro avalizado pelos contribuintes portugueses.
Esta semana, de novo em resposta a um requerimento do deputado José Gusmão, a posição do Banco de Portugal já não é tão taxativa quando à cobertura do dinheiro pago pelo Estado à banca por parte das contra garantias do BPP.
«O valor que os mesmos activos poderão vir a ter em caso de efectiva execução, está, naturalmente, sujeito a muitas incertezas, dependentes, entre outros aspectos, da evolução da economia e dos mercados financeiros», diz agora o Banco de Portugal na resposta ao deputado bloquista.
José Gusmão lembra que com a falência do BPP, os bancos privados que emprestaram os 450 milhões accionaram a garantia do Estado. "Naturalmente, se os activos do BPP se vierem a revelar insuficientes para cobrir o empréstimo, são os contribuintes que vão pagar a factura desta operação", diz o deputado do Bloco que quer agora saber "como é que o ministro das finanças irá reagir a essa situação e quais os prazos em que tenciona accionar essas contra garantias".
Estado admite perder milhões no BPP
10 de agosto 2010 - 22:58
O Banco de Portugal respondeu ao Bloco de Esquerda sobre o montante real das garantias prestadas pelo BPP ao empréstimo de 450 milhões que o Estado avalizou com o dinheiro dos contribuintes. E diz que afinal o valor dos activos - que antes calculara em 672 milhões de euros - está sujeito "a muitas incertezas".
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Há dois anos, Teixeira dos Santos disse que o aval de 450 milhões do Estado estava coberta pelos activos do BPP. Agora, o Banco de Portugal tem dúvidas... Foto José Goulão/Flickr
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