Baleeiros japoneses deixam finalmente santuário da Antártica

04 de março 2013 - 17:52

Após várias temporadas a enfrentar a frota de navios baleeiros japoneses nas águas do sul da Austrália e Nova Zelândia, a ONG Sea Shepherd comemora que a campanha Tolerância Zero de 2012-2013 terá o menor número de baleias capturadas até agora. Artigo de Fernando Muller, do Instituto Carbono Brasil

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Os Barcos Bob Barker e Steve Irwin escoltam o Nisshin Maru para fora do santuário das baleias / Sea Shepherd Australia/Tim Watters

Segundo estimativas conservadoras do Capitão Paul Watson, o número de baleias mortas neste ano não passa de 75, podendo ser muito menor, mas certamente não maior. A cota dos japoneses é de 900 baleias por ano.

“A campanha liderada pela Sea Shepherd Austrália foi um enorme sucesso e a tripulação de todos os três navios está satisfeita”, disse Watson.

Na passada sexta-feira, a Sea Shepherd informou que os baleeiros estavam a rumar para o norte, já fora das águas do Santuário das Baleias do Oceano Austral.

Os três navios da ONG continuarão a escoltar os japoneses para o norte garantindo que não voltam para matar mais baleias.

Desde que a frota japonesa chegou ao Oceano Austral a 28 de janeiro, os navios da Sea Shepherd seguiram-os por mais de 9 mil kms. Dois confrontos foram registados para evitar a caça das baleias e três para impedir o abastecimento ilegal (no Santuário) do baleeiro japonês Nisshin Maru.

No último confronto (no vídeo abaixo), os japoneses chegaram a mandar granadas de concussão, acionar canhões de água e até mesmo a mandar o baleeiro de 8 mil toneladas contra um dos navios dos ativistas.

Em 2 de outubro de 2012, o New York Times relatou que a Sea Shepherd custou aos baleeiros 20,5 milhões de dólares apenas na temporada 2010-2011.

“A eficácia da organização é o alvo de uma campanha de ataque de 30 milhões dólares pelo governo japonês, com recursos dos contribuintes bem como verbas desviadas do fundo de ajuda do tsunami do Japão, que foram doados por cidadãos de todo o mundo para ajudar cidadãos japoneses -muitos ainda precisam – não para subsidiar a indústria baleeira falha e destrutiva”, diz a ONG.

Cultura?

O argumento dos japoneses sempre foi que a caça anual de centenas de baleias tem fins científicos, uma brecha na regulamentação da Convenção Internacional Baleeira.

Porém, numa entrevista à Agence France-Presse na semana passada, o Ministro da Pesca Yoshimasa Hayashi finalmente admitiu que a matança nada tem a ver com ciência.

“A caça às baleias há tempos faz parte da cultura tradicional japonesa, então apenas gostaria de dizer, por favor, compreendam que isto é a nossa cultura”. Ele ainda adicionou que o seu país nunca parará de caçar baleias apesar das críticas.