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Acordo Ortográfico entrou em vigor no Brasil
Apesar de não ser consensual na sociedade brasileira e ser alvo de reticências por parte de muitos brasileiros, o Acordo Ortográfico (OA) entrou em vigor no primeiro dia de 2016 não havendo motivos para “novo adiamento”, afirmou à Lusa fonte do Ministério das Relações Exteriores daquele país.
Por seu turno, o Ministério da Cultura do Brasil aproveitou este momento para alertar que “qualquer retrocesso no processo de implementação do Acordo Ortográfico implicará enormes prejuízos para as editoras nacionais, além de incalculável e injustificável desperdício de dinheiro público”, numa alusão ao investimento em livros didáticos.
Aproveitando este momento,a Lusa contactou com várias pessoas que afirmaram estar adaptadas às novas regras, sem, no entanto, deixarem de referir “dificuldades” na transição entre as diferentes grafias.
É o caso de Tereza Jorge professora de antropologia e sociologia que afirmou ser “interessante que a língua portuguesa seja uma só”, embora tenha manifestado que “para o brasileiro e para outros povos será difícil perder velhos hábitos”.
Por seu turno, César Augusto, preferiu realçar que o AO “tirou muitos acentos, hífens, e, desta maneira, boa parte da língua ficou mais fácil de escrever e mais parecida com a falada”. Este professor de natação acrescentou ainda: “na faculdade, tive pelo menos seis meses de estudo das novas regras”.
O advogado Antônio Carét Santos, optou por referir que recorre a mecanismos de buscas na Internet para solucionar dúvidas relacionadas com a nova grafia.
Recorde-se que em 28 de dezembro de 2012, a obrigatoriedade das novas regras foi adiada no Brasil após divergências de linguistas apoiadas pela Comissão de Educação do Senado, e para acompanhar a data da implantação em Portugal o que levou a comissão do Legislativo a formar um grupo de trabalho, que teve como coordenadores os linguistas Ernâni Pimentel e Pasquale Cipro Neto, críticos do AO.
O relatório final, divulgado em novembro, sugere a inclusão de “observações” e de “alterações mínimas” no acordo, como a manutenção de alguns acentos diferenciais (como em “fôrma” e forma) e do trema, e mudanças nas regras do hífen.
Esta situação levou a a senadora Ana Amélia, que foi vice-presidente e atualmente é suplente na comissão a recordar à agência noticiosa portuguesa que a “Academia Brasileira de Letras recebeu da nossa comissão em duas audiências públicas contribuições para alterar os itens que poderiam trazer dúvidas. Aparentemente, elas não foram aproveitadas, o que lamentamos, mas o nosso trabalho foi feito”.
O coordenador da Comissão Nacional Brasileira no Instituto Internacional da Língua Portuguesa, Carlos Faraco, disse que o adiamento decretado há três anos foi uma “perda de tempo”, já que a imprensa brasileira e os livros didáticos já estavam adaptados.
O Acordo Ortográfico já está em vigor em Portugal e em Cabo Verde, mas ainda não está a ser aplicado nos restantes países da CPLP como Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Comentários
Toda a gente sabe que a
Toda a gente sabe que a língua não será uma só, é incrível como esta mentira continua a ser propagada e não questionada, nem sequer por este site (também é um tema de esquerda esta mentira de Estado?). A ortografia não ficou unificada, continua a haver inúmeras e insanáveis diferenças, além das óbvias discrepâncias lexicais e ao nível da gramática. Ou seja, continua a haver duas normas ortográficas como dantes. Aliás, agora há três, uma vez que Angola e Moçambique não ratificaram o documento. E não há ninguém nesta esquerda que seja capaz de ver isto e barafustar? Lamentável! E ainda mais lamentável que tenham adoptado esta incongruente ortografia sem pestanejar nem nada questionar, num processo completamente obscuro destinado a beneficar a indústria livreira à custa de todos nós.
Tinham de aparecer logo as
Tinham de aparecer logo as falácias do costume, claro.
1º. Toda a gente que sabe alguma coisa do que fala sabe que ortografia é uma coisa e língua outra. O acordo é ortográfico, não linguístico.
2º. Toda a gente que sabe alguma coisa do que fala sabe que a evolução das línguas é em grande medida imprevisível. Existem tendências genéricas, mas a forma como essas tendências se aplicam ou não em cada caso concreto não é previsível. Afirmar, portanto, que "a língua não será uma só" está no domínio do Professor Karamba, não de um debate minimamente sério. E nada disto tem seja o que for a ver com o acordo ortográfico. Porquê? Ver 1.
3º. Nunca foi intenção de ninguém fazer uma unificação completa da ortografia. A intenção foi tão-só reduzir a divergência e unificar as regras ortográficas num único documento normativo, válido para toda a língua. Havia dois, mutuamente exclusivos. Agora há uma única norma, que admite variações como de resto as antigas já admitiam (ouro e oiro, bêbado e bêbedo, e larguíssimas dezenas de outras). No processo deu-se uma diminuição considerável na divergência ortográfica entre o Brasil e os restantes países.
4º. Durante uma transição, como é evidente, a norma nova sobrepõe-se à antiga durante um período em que estão ambas em uso. Estamos em transição. E Angola tem afirmado repetidamente que pretende ratificar o Acordo mas precisa de mais tempo, levantando também alguns problemas que têm a ver com a adaptação da nova ortografia aos empréstimos provenientes das suas línguas nacionais. Nada que não se resolva. Quanto a Moçambique, tem meia ratificação feita, faltando só a aprovação final no parlamento. Os restantes já ratificaram, embora alguns ainda não apliquem.
5º. O "argumento" do benefício da indústria livreira à custa de todos nós é um rotundo disparate. Ninguém são da cabeça vai deitar fora os livros que tem em casa para comprar novos adaptados a uma ortografia que foi atualizada, no máximo, em 3% das palavras. A penetração da nova ortografia no material publicado tem-se vindo a fazer ao ritmo da edição e reedição normais, pelo mero efeito de os livros novos, que de qualquer forma substituiriam os antigos nas prateleiras das livrarias, virem escritos segundo as regras novas. Nada mais. Para as editoras não há quaisquer benefícios especiais com a adoção do acordo; pelo contrário, há um prejuízo, ainda que pouco significativo, devido à necessidade de rever os livros que sejam alvo de reedição para os adaptar às novas regras.
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