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“Acabar com rendas da EDP que permitem que Mexia ganhe dois milhões num ano”

Catarina Martins defendeu que é preciso baixar e tornar mais justo o preço da energia e, para isso, “é preciso acabar com as rendas de privilégio da EDP e das produtoras elétricas”. “Por muito que mace António Mexia, é isso que o Bloco vai continuar a propor”, garantiu. Notícia atualizada às 14:30 de 10.04.2017.
André Beja, candidato à AM de Sintra, Catarina Martins e Carlos Carujo, candidato à CM de Sintra (da esq. para a dir.). Foto Esquerda.net.

Durante a apresentação da candidatura autárquica do Bloco em Sintra, que contou também com as intervenções de Carlos Carujo, cabeça de lista à Câmara, e de André Beja, candidato à Assembleia Municipal, e de um momento de poesia com Dinis Evangelista, Catarina Martins lembrou que “Sintra é o segundo concelho do país em que mais famílias têm tarifa social da energia”.

Segundo a coordenadora bloquista, esta não só é uma “imagem da pobreza existente no concelho”, também reflete a conquista que foi aprovar, pelas mãos do Bloco de Esquerda, o acesso automático a esta medida.

“A EDP fazia de tudo para transformar num inferno burocrático o acesso, por parte das famílias, à tarifa social da energia, tanto que esta medida não chegava a mais de 80 mil famílias, contra as 800 mil atuais”, referiu Catarina Martins.

“O Bloco de Esquerda acabou com isso, conseguindo que o acesso à tarifa social passasse a ser automático. António Mexia não gostou, disse que não fazia sentido a EDP pagar esta tarifa. Ou seja, quando o governo PSD/CDS criou esta medida e era só para fazer de conta, Mexia achou bem, dava-lhe uma imagem de mecenas social do país. Quando a tarifa social foi para valer, aí já era um custo que não devia ser a EDP a suportar”, avançou a deputada.

“Claro que a EDP não se importa nada de ter rendas de privilégio garantidas com contratos do Estado que permitem, por exemplo, que António Mexia ganhe dois milhões de euros num ano ou dez salários mínimos a cada dia que passa”, acrescentou, sublinhando que “à EDP ofende, isso sim, ser obrigada a garantir o preço da energia ligeiramente mais baixo às famílias que vivem quase sem rendimento no nosso país”.

Conforme lembrou Catarina Martins, “face ao problema da energia em Portugal ser das mais caras da Europa – em poucos países se paga tanto pela energia como em Portugal -, António Mexia, qual Maria Antonieta a dizer ‘se não têm pão comam brioches’, diz que a eletricidade não é cara, as casas é que estão mal construídas”.

“E diz mais”, continuou a coordenadora bloquista, “diz que, se tem muito dinheiro, é porque tem muito mérito. Esqueceu-se é de falar dos contratos milionários que sucessivos governos lhe deram para assegurar o seu monopólio de rendas garantidas. E acha que o Bloco não deve falar, de forma nenhuma, de leques salariais para empresas privadas porque isso é atentar contra a sua capacidade de trabalho. E nós perguntamo-nos: E a capacidade de trabalho dos trabalhadores da EDP, não existe?”.

Referindo que “António Mexia, quando fica zangado com as medidas do Bloco de Esquerda para trazer justiça à economia, diz que o problema é que nestas coisas ‘a discussão é como aumentar o tamanho do bolo’ e não como ‘ratar’ migalhas”, Catarina Martins defendeu que “o que aumenta o bolo da economia portuguesa é não permitir que empresas como a EDP cobrem tanto pela energia que esmagam a economia e que esmagam as famílias”.

“Não pode haver uma desigualdade tão grande numa empresa em que a riqueza que é produzida por todos os trabalhadores fique sempre só nas mãos de alguns”, sinalizou a deputada, adindo que “a tarifa social da energia não chega”.

“É preciso garantir que o preço da energia em Portugal é mais baixo, é mais justo, e, para isso, é preciso acabar com as rendas de privilégio da EDP e das produtoras elétricas, E, por muito que mace António Mexia, é isso que o Bloco vai continuar a propor”, rematou.

“Sintra não pode ser um cenário para turistas"

“O Bloco está nas autárquicas não para cumprir calendário, mas para combater a desigualdade e assimetrias”, frisou Catarina Martins, referindo que Sintra “é disso um exemplo”.

“Sintra não pode ser um cenário para turistas, mas um local que seja bom para se viver”, avançou a dirigente bloquista, criticando o facto de “muito património do concelho não ser conhecido”.

Catarina Martins teceu críticas à empresa de capitais públicos Parques de Sintra-Monte da Lua, que gere alguns dos monumentos do concelho, como os palácios da Vila e da Pena, em Sintra, ou o de Queluz, por ter “trabalhadores precários” com baixos salários, e por cobrar elevados preços pelas entradas nos monumentos que tutela.

"Uma candidatura que é um convite a ir mais longe e a fazer acontecer"

Carlos Carujo, cabeça de lista à Câmara Municipal de Sintra.

Carlos Carujo, cabeça de lista à Câmara, afirmou que “Sintra é o espelho do país” e sinalizou que este é um concelho que tem três zonas diversas: uma rural “abandonada e esquecida”, fazendo referência ao já anunciado encerramento da agência da Caixa Geral de Depósitos, em Colares; uma zona turística muito 'disneylandizada', que não está ao serviço das populações; e uma zona suburbana, marcada pela degradação de equipamentos, pela falta de equipamentos públicos culturais e desportivos.

O candidato assinalou ainda a necessidade de mais transporte público, nomeadamente para Lisboa, e criticou a “vida entalada no IC 19”.

Sobre os outros candidatos, Carlos Carujo referiu-se a Basílio Horta, atual presidente da Câmara, do PS, como “um gestor, amigos dos patrões e dos mais ricos”, que “olhou para o concelho como uma folha de Excel”, e a Marco Almeida, do PSD, como alguém que apresenta “uma candidatura em que ninguém se entende”.

O bloquista defendeu uma “política de apelo à genuína participação popular, e tornar Sintra uma capital solidária e não do turismo de negócios”.

Carlos Carujo apresentou a sua candidatura pela “defesa do património que não está nos roteiros”, pela “reabilitação urbana, que não esqueça as casas que mais precisam e não desdenhe a segurança sísmica e não sirva para despejar pessoas”.

Na sua intervenção, o candidato afirmou que "os projectos políticos do centrão têm, no fundo, como resposta aos problemas profundos dos munícipes duas formas de presidencialismo: o presidencialismo do “gestor” e o do “falso independente participativo”.

Em contraste com esta postura, o Bloco defende "uma candidatura colectiva de gente comum e de apelo à genuína mobilização popular", que acautele os efeitos perniciosos da onda de turismo que se levanta, que responda à urgência da mobilidade, que defenda um programa de habitação e reabilitação urbana que não seja refém do lucro e dos interesses da especulação.  Uma candidatura que "é um convite a ir mais longe e a fazer acontecer".

Ler aqui intervenção completa de Carlos Carujo.

"Construir uma democracia de alta intensidade”

André Beja, cabeça de lista do Bloco à Assembleia Municipal de Sintra.

André Beja, que fez a primeira intervenção da tarde, sublinhou que “a presença do Bloco nas autarquias significa contribuir para construir uma democracia de alta intensidade” e que “os e as autarcas bloquistas percorrem um caminho de dois sentidos, procurando levar para dentro das instituições a voz e os problemas das populações e trazer cá para fora informação e contributos para a luta social”.

O candidato lembrou ainda que “os problemas das pessoas são também nossos, mesmo quando não são por nós sentidos, porque nós somos gente comum que todos os dias se depara com as estas ou outras dificuldades, com as mesmas alegrias e os mesmos sonhos, pelo que temos o dever e a responsabilidade de ajudar a construir respostas e alternativas”.

Na lista à Assembleia Municipal seguem-se a André Beja a atual deputada municipal do Bloco, Helena Carmo, e Amílcar Morais, vice presidente da Federação Portuguesa das Associações de Surdos.

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