57 famílias por dia deixaram de pagar a prestação da casa, no primeiro semestre

09 de agosto 2012 - 0:20

Os dados do crédito mal-parado no primeiro semestre de 2012 vieram revelar que a tragédia das famílias que estão a deixar de pagar à banca a prestação do crédito à habitação é significativamente superior ao que se supunha. Nos primeiros seis meses, 10.454 famílias deixaram de pagar a prestação da casa. O Bloco de Esquerda já alertara para a urgência da AR aprovar alterações ao crédito à habitação para proteger as famílias em dificuldade.

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Em julho passado, o Bloco de Esquerda apelou aos restantes partidos para que não cedessem à "chantagem da banca" e aprovassem, antes das férias parlamentares, novas regras para o crédito à habitação. Mas, PSD e CDS impediram a aprovação - Foto de Paulete Matos

Segundo o “Diário Económico” desta terça-feira e de acordo com os últimos dados divulgados pelo Banco de Portugal, no primeiro semestre de 2012, 10.454 famílias deixaram de pagar o crédito à habitação. Ou seja, em média 57 famílias por dia deixaram de pagar a prestação da sua casa nos primeiros seis meses do ano.

O número de famílias que deixou de pagar no primeiro trimestre é significativamente superior ao do segundo. Nos primeiros três meses de 2012, 8.841 famílias deixaram de pagar à banca a prestação mensal da casa. No segundo trimestre, o total de famílias nessas condições foi de 1.613.

No total, há atualmente 150.329 famílias em incumprimento no crédito à habitação e todos os indicadores apontam para que a situação se vá agravar nos próximos meses.

O Bloco de Esquerda nos últimos meses não tem deixado de apresentar propostas para responder à realidade dramática das famílias que estão em situação de incumprimento no crédito à habitação e correm o risco de ficar sem casa.

Em março passado, o líder parlamentar Luís Fazenda apresentou o projeto de lei do Bloco para criar “um processo excecional de regularização de dívidas às instituições de crédito no âmbito dos contratos de concessão de crédito à habitação própria e permanente”.

Em julho passado, e depois de diversas intervenções públicas e no parlamento de vários deputados e deputadas do Bloco, Francisco Louçã desafiou a AR a aprovar, antes do final da sessão legislativa as alterações às regras do crédito à habitação, advertindo que um adiamento para depois do verão levaria a que mais de 1500 famílias percam a casa nesse período.

Todos os partidos já apresentaram propostas para responder aos incumprimentos dos contratos de crédito à habitação, mas o PSD e o CDS impediram a aprovação de uma proposta final antes das férias.

O coordenador da comissão política do Bloco salientou então que "a banca portuguesa não quer que nada aconteça, a não ser ter as hipotecas na mão para as poder executar ou não". E alertou: "Se for adiada para setembro ou outubro, só neste verão mais 1500 famílias podem perder as suas casas só pela incompetência de quem virou as costas à solução dos problemas".

Os dados agora conhecidos permitem supor que a tragédia pode ter uma dimensão ainda maior.