Segundo o “Diário Económico” desta terça-feira e de acordo com os últimos dados divulgados pelo Banco de Portugal, no primeiro semestre de 2012, 10.454 famílias deixaram de pagar o crédito à habitação. Ou seja, em média 57 famílias por dia deixaram de pagar a prestação da sua casa nos primeiros seis meses do ano.
O número de famílias que deixou de pagar no primeiro trimestre é significativamente superior ao do segundo. Nos primeiros três meses de 2012, 8.841 famílias deixaram de pagar à banca a prestação mensal da casa. No segundo trimestre, o total de famílias nessas condições foi de 1.613.
No total, há atualmente 150.329 famílias em incumprimento no crédito à habitação e todos os indicadores apontam para que a situação se vá agravar nos próximos meses.
O Bloco de Esquerda nos últimos meses não tem deixado de apresentar propostas para responder à realidade dramática das famílias que estão em situação de incumprimento no crédito à habitação e correm o risco de ficar sem casa.
Em março passado, o líder parlamentar Luís Fazenda apresentou o projeto de lei do Bloco para criar “um processo excecional de regularização de dívidas às instituições de crédito no âmbito dos contratos de concessão de crédito à habitação própria e permanente”.
Em julho passado, e depois de diversas intervenções públicas e no parlamento de vários deputados e deputadas do Bloco, Francisco Louçã desafiou a AR a aprovar, antes do final da sessão legislativa as alterações às regras do crédito à habitação, advertindo que um adiamento para depois do verão levaria a que mais de 1500 famílias percam a casa nesse período.
Todos os partidos já apresentaram propostas para responder aos incumprimentos dos contratos de crédito à habitação, mas o PSD e o CDS impediram a aprovação de uma proposta final antes das férias.
O coordenador da comissão política do Bloco salientou então que "a banca portuguesa não quer que nada aconteça, a não ser ter as hipotecas na mão para as poder executar ou não". E alertou: "Se for adiada para setembro ou outubro, só neste verão mais 1500 famílias podem perder as suas casas só pela incompetência de quem virou as costas à solução dos problemas".
Os dados agora conhecidos permitem supor que a tragédia pode ter uma dimensão ainda maior.