Segundo adianta o Correio da Manhã (CM), na edição desta segunda-feira, existem 240 mil pessoas inscritas nos Centros de Emprego que não recebem qualquer tipo de subsídio de desemprego. Este número resulta do cruzamento de dados da Segurança Social e do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e poderá ser bastante mais elevado, dado que as estatísticas não incluem quem já nem sequer está inscrito no IEFP ou quem faz pequenos 'biscates' precários.
Em Junho deste ano registavam-se 643 mil pessoas inscritas nos Centros de Emprego, segundo os números do IEFP, mas apenas 355 mil beneficiavam, no mesmo mês, de subsídio de desemprego. O CM fez as contas e retirando as 48 mil pessoas inscritas que têm trabalho, embora procurem outro emprego, há 240 mil trabalhadores sem trabalho e sem apoio social no desemprego.
A agravar a situação, outros números são preocupantes: para os 643 mil inscritos no IEFP, apenas houve, em Junho, 22 mil ofertas de emprego (o suficiente para cobrir apenas 3,5% do universo de desempregados).
Os números das estatísticas não contabilizam também o chamado 'subemprego' ou os desempregados não inscritos, por isso o número real de desempregados ronda pelo menos os 742 mil, o que faz disparar o número de desempregados sem apoio no desemprego para 386 mil.
O Governo implementou a 1 de Agosto cortes nos apoios sociais, entre elas está o limite do subsídio de desemprego a 75% do último salário e a alteração dos critérios ao chamado 'emprego conveniente'.
A redefinição das condições de atribuição das prestações sociais não contributivas que consta do Programa de Estabilidade e Crescimento visa poupar milhões de euros aos cofres de Estado. Só este ano, calcula-se que a poupança ascenda a 90 milhões de euros, valor que deverá crescer para cerca de 200 milhões já em 2011.
“Portugueses apenas sobrevivem”
O CM aponta também um estudo revelado recentemente pela Comissão Europeia (CE) que aponta que cada vez mais portugueses vivem em dificuldades. O relatório do Eurofund, que mede o impacto das medidas de austeridade dos governos na vida dos cidadãos, concluiu que há cada vez mais portugueses que, sem meios suficientes para viverem condignamente, “apenas sobrevivem”.
O inquérito perguntava se, por falta de dinheiro, as pessoas não tinham acesso a algum dos seguinte items: aquecimento em casa, férias anuais, nova mobília, uma refeição de carne ou peixe de dois em dois dias, roupas novas ou meios para receber convidados. A resposta, segundo a CE, é de que 15% dos portugueses, 1,5 milhões, admitiram que lhes faltava pelo menos um dos items citados, por razões de dificuldades financeiras.