“Como é possível que um governo do PS tenha criado as ZIF (Zonas de Intervenção Florestal) e este governo, também do PS, tenha votado este instrumento ao mais completo abandono?”
A pergunta foi deixada por Pedro Soares, durante uma visita de trabalho à CAULE, uma associação florestal sediada em Tábua e que é responsável pela gestão de 12 ZIFs em concelhos dos distritos de Coimbra, Viseu e Guarda, num trabalho que o deputado do Bloco de Esquerda não se cansou de elogiar.
Da parte do presidente da direcção da CAULE, Vasco Campos, Pedro Soares teve a confirmação de que o processo de operacionalização das ZIF está bloqueado e que todo o trabalho de convencimento dos proprietários para este projecto de gestão integrada da floresta corre sérios riscos. “Já há proprietários a desistir”, afirmou aquele dirigente, cuja associação tem trabalhado nos últimos quatro anos para constituir 12 ZIF, agregando mais de sete mil proprietários e 74 mil hectares.
Pedro Soares considerou a situação de uma “inércia política lamentável” e lembrou que os proprietários “já começam a sentir-se enganados, pois foram persuadidos a aderir às ZIF e o Governo reduziu drasticamente os apoios financeiros”. Em contrapartida, acrescentou, “ gastam-se milhões de euros no combate aos incêndios, mas o investimento a montante continua a não ser feito”.
O deputado bloquista acusou o governo de não ter uma política sustentável para a gestão das florestas, ao deixar cair aquilo que ele próprio criou. E defendeu que não é possível continuar a adiar a criação do cadastro dos terrenos, “aproveitando o trabalho de identificação dos proprietários e das parcelas que já foi feito em muitas ZIF”.
Pedro Soares considerou também imprescindível que o PRODER (Programa de Desenvolvimento Rural) inclua a possibilidade das entidades gestoras das ZIF terem acesso a apoios financeiros para desenvolveram os seus projectos de forma integrada, indo ao encontro das expectativas que o lançamento das ZIF criou.
Finalmente o deputado do Bloco exortou o ministro da Agricultura, “que costuma aparecer uns dias depois, nos locais onde nós já estivemos”, a manter essa prática e a “deslocar-se a Tábua e a ouvir os dirigentes da CAULE”.
Vasco Campos mostrou-se muito agradado com a visita de Pedro Soares afirmando que “é a primeira vez que sentimos que alguém nos está a acompanhar nesta luta”.
