Dossier 154: Revolta estudantil no Chile

O militante brasileiro Waldo Mermelstein vivia no Chile e foi testemunha do processo revolucionário e do golpe que vitimou milhares de pessoas e impôs o modelo precursor do neoliberalismo. Quarenta e um anos depois republicamos este artigo de 2011.

Em três meses de mobilizações massivas, os estudantes chilenos mudaram a face do país. Nunca nos últimos vinte anos os protestos foram tão importantes como estes. Renascem os sonhos de Allende. Por Víctor de la Fuente

Três meses de intensa mobilização estudantil em luta pela Educação Pública estão a transformar o Chile. No final de Agosto, dois dias de greve geral convocados pela central sindical ampliaram a luta contra o governo conservador de Sebastian Piñera e pelo fim da “herança de Pinochet”. Dossier organizado por Carlos Santos

Apesar de corresponder a um momento novo da política e da história social pós-ditadura, a revolta estudantil este só pode compreender-se a partir da perspectiva mais ampla da historicidade do século XX no Chile.

Através do presente documento queremos intimar o Governo do Presidente Sebastián Piñera a manifestar de forma clara a sua posição relativamente às exigências seguintes, que representam temas fundamentais, omitidos ou abordados com ambiguidade e ineficácia.

Cidadã porta-voz do governo, se os estudantes vão mais além das suas justas reivindicações puramente académicas, é porque decidiram tomar em suas mãos a correcção de algo anómalo, como a aberração de o Chile ser um país democrático que se rege por uma Magna Carta escrita à imagem e semelhança do ditador que a impôs. Por Luis Sepúlveda, escritor.

Não é errado afirmar-se que o movimento estudantil chileno tem sido o mais importante da América Latina nos últimos cinquenta anos. Por Álvaro Ramis

Através de uma série de massivas manifestações pacíficas o movimento estudantil, liderado pela Confederação de Estudantes do Chile (CONFECH), expressou a sua insatisfação com o projecto de reforma educacional proposto pelo actual governo, mostrando à sociedade chilena que este não satisfaz as necessidades da educação científica, tecnológica, artística e humanista de seus habitantes. Por Jaime Massardo

Em Santiago do Chile, há muitas universidades, 80% delas privadas. Até aí nenhuma grande diferença da realidade brasileira em que 75% das vagas do ensino superior são oferecidas na rede privada. Mas no Chile, mesmo as universidades públicas são pagas. Essa realidade faz parte da política do governo Piñera para a educação. Por Mateus Fiorentini

Muitos vídeos e diversos canais no youtube ajudaram a divulgar e dão a conhecer as acções e mobilizações dos estudantes chilenos. Um primeiro vídeo, sobre a manifestação realizada a 16 de Junho, a violenta repressão policial de que foi alvo e a resistência dos jovens.