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Atlanticismo e belicismo

A NATO vem a Lisboa discutir. Discutirá tudo menos a sua base real, a política guerreira ao serviço dos interesses dos governos dos EUA.

A NATO está a chegar. Vai ocupar parte da cidade de Lisboa e fechar as fronteiras do país, dando uma amostra cara do securitismo atlanticista. O tempo nunca é de vacas magras para os senhores da guerra e tal como lhes pagamos os instrumentos das suas guerras também lhes pagamos as cimeiras.

A abrir caminho, barricou-se na opinião pública um discurso sobre o perigo dos manifestantes violentos. Um bloco negro de jornalistas, comentadores e de “especialistas em segurança”, tantas vezes omisso relativamente aos interesses económicos por detrás das guerras e aos seus crimes, jura que os vândalos se irão manifestar contra a NATO, procurando assim juntar no mesmo saco todas as formas de protesto. Este bloco fica à espera ansiosamente que qualquer pedrada justifique o seu discurso. E prepara-se para aumentar o impacto dessa pedrada, até a tornar num míssil das hordas bárbaras capaz de destruir todo o nosso modo de vida, assim como está disposto a minimizar, por exemplo, a morte de civis nas guerras da NATO e a tortura contra prisioneiros de guerra. O seu bom senso pseudo-pacifista é selectivo conforme as regiões do mundo e não se incomoda com a violência de Estado apenas com a das ruas.

A NATO vem a Lisboa discutir. Discutirá tudo menos a sua base real, a política guerreira ao serviço dos interesses dos governos dos Estados Unidos da América, mascarada de aliança ocidental. Vem discutir questões comezinhas como a forma de rachar as facturas: o governo dos EUA reclama que os seus parceiros europeus não pagam suficientemente as guerras que ele decide. Vem discutir novas formas de legitimação e novas estratégias: o antigo instrumento da Guerra Fria pretende-se agora legitimar como espaço da defesa da democracia e dos povos do Ocidente e, face ao “terrorismo”, pretende alargar as suas possibilidades de intervenção quer territorialmente quer em termos de áreas de intervenção (e a propósito, por exemplo, do ciber-terrorismo, procura fazer crescer os espaços de controlo dos/as cidadãos/ãs).

A NATO não está a chegar. Sempre cá esteve. Na base que mantém mas sobretudo nas obrigações que moldam as forças armadas portuguesas (“as Forças Armadas Portuguesas têm incrementado a sua natureza expedicionária” assume o governo http://www.natolisboa2010.gov.pt/pt/portugal-otan/campos-accao/) e que as obrigam a intervir em guerras alheias. A NATO sempre cá esteve e sempre foi um peso orçamental, político e moral carregado por todos/as.

É preciso desfazer o consenso expedicionário do centrão que saudará as forças armadas do capitalismo mais agressivo como uma forma de “segurança”. É preciso dizer que este espaço imaginário do Ocidente enquanto Atlântico guerreiro não deve carregar uma missão belicista redentora da humanidade à força. É preciso dizer que não aceitamos as guerras deles. É preciso dizê-lo aos senhores da guerra. Mas também à sua caricata “jota atlanticista” (CPA), Fórum de Jovens Atlanticistas Portal dos Jovens Atlanticistas.

http://www.natolisboa2010.gov.pt/pt/cimeira-jovens-atlanticistas/ e àqueles que patrocinam a cimeira das guerras futuras. http://www.natolisboa2010.gov.pt/pt/cimeira/patrocinios/

Sobre o/a autor(a)

Professor.
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