Está aqui
Assalto
O passe social assegura o direito à mobilidade de todos e todas, tanto porque garante preços acessíveis de transportes como porque incentiva o uso do transporte colectivo. Um transporte colectivo usado intensivamente é o único que pode sobreviver com qualidade; se for só para quem tem poucos recursos terá gente a menos, não será sustentável, e perderá inevitavelmente qualidade e linhas. E, claro, o incentivo ao transporte colectivo é uma exigência ambiental, de mobilidade urbana, de eficiência energética. Uma tarifa social não é mais justa que um passe social; muito pelo contrário. Os impostos que pagamos é que devem ser progressivos - e que retrocesso é a sobretaxa de 3,5% para todos - para minorar as desigualdades. Os transportes públicos, como os serviços públicos, devem ser iguais para todos e todas independentemente do rendimento; é a única forma de garantir a sua qualidade e, portanto, justiça social.
Diz ainda o Governo que o fim do passe social e o aumento das tarifas é uma inevitabilidade face ao estado em que se encontram as empresas de transportes colectivos. O argumento repetido à exaustão é que ou aumentam as tarifas ou pagaremos com os impostos. Nova mentira; pagamos já com impostos e pagamos duplamente. Pagamos impostos directamente, agora até com sobretaxa, e pagamos indirectamente com o aumento dos transportes (que já entrou em vigor, sem qualquer preocupação social e, sabemos, a anunciada tarifa social que dizem que será criada não se aplicará certamente a quem ganha mais de 485 euros por mês). Sejamos claros: o aumento dos preços dos transportes é mais um imposto encapotado sobre os rendimentos do trabalho.
O que o Governo não quer dizer é a razão porque quer acabar com o passe social. Não é, como se vê, uma questão de justiça. É sim de tornar os transportes colectivos mais rentáveis para os poder privatizar. O argumento da grande dívida das empresas do sector - provocada por anos de desinvestimento e má gestão - é completamente falacioso. Para que os aumentos conseguissem sequer pagar os juros da dívida, 1 bilhete de metro teria de custar 25 euros e um passe da CP mais de 1000 euros por mês. Seria absurdo. E o governo quer aumentar sim - aumentar o máximo a quem não consegue fugir (e por isso os aumentos são maiores para quem mora nos subúrbios; para quem tem menos rendimentos e só conseguiu arranjar uma casa que pudesse pagar bem longe do centro da cidade) - mas sabe bem que nunca conseguirá aumentar até pagar com as tarifas as dívidas acumuladas.
E assim fica uma pergunta: será o aumento dos preços dos transportes públicos e o fim do passe social, além de um ataque aos rendimentos do trabalho, um passo para a BPNização do passivo das empresas de transportes colectivos? Irá o Governo privatizar os transportes, oferecendo aos privados um serviço muito rentável, à conta das tarifas abusivas cobradas aos utentes, e o Estado, que pagou o investimento, ficará com a dívida acumulada do sector? Para os privados o lucro certo, para o Estado o prejuízo certo? O programa, diz o Ministro, será conhecido em Setembro. Por agora foge às questões. Um muito mau sinal.
Comentários
Esta é uma questão
Esta é uma questão preocupante. E é preciso também olhar os transportes públicos desenvolvidos pelas autarquias e a falta de regulamentação e fiscalização. Em Lagos, cidade ou vivo, em dois Janeiros consecutivos o o meu passe aumentou quase 10€. Desculpam-se com a crise, mas a verdade é que olho em minha volta e só vejo gestão ruinosa e ostentação de cargos.
Bom dia.. Este assunto é de
Bom dia.. Este assunto é de uma enorme gravidade. É um atentado à mobilidade e ao rendimento das pessoas. Os bilhetes ao preço que estão como as pessoas conseguem pagar? Alem disso esta medida constitui um grave atentado contra o ambiente. Será que este povo de uma vez por todas não se levanta.
Muita gente, estuda e não tem emprego, não tem dinheiro para uma casa, poder casar e ter filhos.. Mas afina que politicas são estas afinal? estão ao serviço de quem. O Povo tem que acreditar que os politicos estão lá para o servir e não para serem servidos..
"Mas afinal que politicas são
"Mas afinal que politicas são estas afinal? estão ao serviço de quem?"
Wall Street, obviamente! Mais propriamente 1% da população. Só não percebe, quem não quer.
O Citibank tem isso num dos seus memos: http://www.box.net/shared/9if6v2hr9h
Mais óbvio que isto não há. :-O
Adicionar novo comentário