Segundo a deputada do Bloco Catarina Martins, que interpôs esta quinta-feira o requerimento de interpelação da Ministra da Cultura à Assembleia da República, os ordenados em causa são cerca de duas vezes superiores ao salário do Presidente da República.
As informações que o Bloco recebeu dão conta que a remuneração mensal da Presidente do Conselho de Administração ascende a 14.300 euros e a remuneração dos vogais executivos a 12.500 euros, valores por mês e pagos 14 meses por ano. A esta remuneração, acresce ainda, uso de telemóvel e viatura da Fundação.
A Fundação Cidade de Guimarães é a entidade responsável pela gestão de Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura. Segundo o Público, o presidente da Câmara Municipal de Guimarães assinou o despacho onde ficam definidos estes valores.
Catarina Martins diz não compreender como uma fundação criada pelo Estado atribui vencimentos deste montante. O Bloco defende que a situação é inaceitável, pois “estes valores são um insulto aos agentes culturais e à população de Guimarães e configuram um uso impróprio de fundos públicos”.
Catarina Martins interpelou Gabriela Canavilhas sobre esta situação durante o debate na especialidade do Orçamento de Estado, esta quinta-feira passada, perguntando se “o Ministério da Cultura sabe para que serve o dinheiro que entrega”.
Gabriela Canavilhas ainda não era titular da pasta da Cultura quando a Fundação foi constituída e mostrou-se ingenuamente surpreendida pela questão dos elevados salários, acabando por responder à deputada do Bloco, no seu já habitual estilo, falando na terceira pessoa do singular:
“Não há nenhuma razão para que não surpreenda também a Ministra da Cultura, uma vez que a Ministra da Cultura não faz parte da comissão de remunerações daquela fundação. Se me pergunta se concordo devo dizer que não”.
Ainda assim, a Ministra defendeu que o Governo não deve interferir nas artes, deve antes confiar nas parcerias com a sociedade civil.
“Sabe qual é a melhor maneira de se gerir as artes e cultura? É não haver Governo. Porque esta área não precisa de quem lhes diga o que tem de fazer. A única intervenção que o Governo tem que fazer é dar meios financeiros, mais nada, e é essa a lógica que tem estado na criação das fundações”, explicou a Ministra.
Uma lógica que Gabriela Canavilhas definiu como “muito socialista”.