Em declarações aos jornalistas no final de uma reunião com o secretário-geral da CGTP, na sede do Bloco, que também contou com a presença da deputada Mariana Aiveca, Francisco Louçã considerou que existe “perseguição aos mais pobres, aos desempregados” e vincou que as opções para o próximo Orçamento do Estado vão marcar a interpelação ao Governo que os bloquistas têm agendada para esta quarta-feira.
“Esta violência contra a parte mais desprotegida da sociedade é uma forma de mostrar por onde vai o caminho deste Orçamento”, considerou, criticando o acordo entre o PS e o PSD para o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) e antevendo um Orçamento com medidas de austeridade reforçadas.
“Estamos a viver, com este Orçamento que o PS e o PSD estão a preparar em conjunto, uma guerra social contra os portugueses, há centenas de milhares de pessoas que estão a passar os seus dias nas filas dos centros de emprego para poderem ter ‘password’ para um computador que não têm e para uma Internet que não conhecem, para poderem justificar o pequeníssimo abono de família, o apoio para a compra dos livros dos seus filhos, o subsídio social de desemprego ou os apoios que têm”, criticou.
Francisco Louçã reconheceu que Portugal tem um problema de conseguir receita, defendendo que este pode ser contrariado com combate à “evasão fiscal gigantesca” que diz existir. “Se pagassem impostos, os capitais e valores que fogem todos os anos aos impostos, não teríamos défice orçamental”, assinalou.
“O Bloco quer acentuar, e assim o faremos na Assembleia da República, a resposta de soluções que à esquerda tragam solidariedade, tragam justiça, tragam Estado Social, tragam política de emprego, tragam distribuição do rendimento e, portanto, melhorem a economia, em vez de correrem para este abismo do sacrifício e da destruição do salário”, concluiu.
“O tempo do trabalho ser retribuído apenas com subsídios de subsistência nós conhecemo-lo, era no século XIX”
Falando aos jornalistas no final da audiência com o Bloco, Carvalho da Silva defendeu também que “no contexto actual, é inadmissível que não se cumpra em Janeiro o compromisso do salário mínimo nacional, de 500 euros”.
“O tempo do trabalho ser retribuído apenas com subsídios de subsistência nós conhecemo-lo, era no século XIX e no início do século XX, o salário ganhou dignidade e é imprescindível repor o valor do salário”, defendeu.
Neste contexto, Carvalho da Silva, referiu-se especificamente à precariedade dos trabalhadores mais jovens: “Estamos a ficar num país onde o salário dos novos trabalhadores se resume, para mais de 90 por cento deles, à aplicação do salário mínimo nacional como limite, porque muitas vezes, com a aplicação do trabalho a tempo parcial o salário é ainda inferior, isto é inadmissível”, advogou.
O secretário-geral da CGTP adiantou que as manifestações previstas para Lisboa e Porto, a 29 de Setembro, irão sublinhar a reivindicação do emprego e o próprio debate do emprego, porque o que se quer é “emprego com qualidade” e não o “emprego como fonte de criação de riqueza só para alguns”, pois é isso que se consegue com o roubos nos salários, explicou.
Carvalho da Silva considerou que actualmente existe uma “campanha de pressão ignóbil” sobre os trabalhadores. “Vemos indivíduos que ganham dezenas de milhares de euros por mês a receitar para quem ganha o salário mínimo que se desça o salário mínimo, a receitar para os que têm protecção social mínima a redução ou a eliminação dessa protecção, mas isso é um escândalo”, afirmou, em tom crítico.