Cronologia recente da Catalunha

Em julho de 2006, apenas 14,9% dos catalães eram a favor de um Estado independente. Mas seis anos depois, já são 44,3% os que querem que a Catalunha seja independente. Veja alguns dos acontecimentos que provocaram esta mudança.

18 de dezembro 2012 - 23:07
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30 de setembro 2005: aprovação no Parlamento da Catalunha do novo Estatuto de Autonomia, com o voto favorável de 89% dos deputados (CiU, PSC, ERC, ICV), e 11% contra (só o PP).

2 de novembro 2005: aceitação para trâmite nas Cortes Gerais espanholas.

21 de janeiro de 2006: Pacto entre Artur Mas, da CiU e o chefe do governo de Madrid, José Luis Rodríguez Zapatero sobre a redação final do Estatuto que modifica bastante o aprovado no Parlamento da Catalunha .

10 de maio 2006: aprovação do Estatuto nas Cortes Gerais espanholas.

18 de junho 2006: aprovação do texto em referendo popular na Catalunha. CiU, PSC e ICV chamaram a votar “Sim”, enquanto ERC e PP foram pelo “Não”, por razões diferentes: o PP, mantendo a sua rejeição à proposta original por considerá-la inconstitucional, e a ERC, por entender que as modificações ao texto introduzidas para que fosse aprovado pelas Cortes espanholas tinham afetado aspetos fundamentais que o tinham desvirtuado. O resultado de 73,9% de votos a favor, 20,76% de votos contra, e 5,34% de votos em branco. Os votos nulos foram menos de 1%. A participação foi de pouco mais de 49% considerada muito baixa.

19 de julho 2006: sanção e promulgação do Estatuto por parte do rei Juan Carlos I .

9 de agosto 2006: Entrada em vigor.

Julho de 2006: Sondagem do Centro de Estudos de Opinião: 14,9% dos catalães são a favor de um Estado independente, 34,1% a favor de um Estado federal, 37,3” a favor de uma Comunidade autónoma e 6,9% a favor de uma região.

28 de junho 2010: Sentença do Tribunal Constitucional que altera substancialmente o Estatuto.

10 de julho de 2010: manifestação em Barcelona sob o lema "Somos uma nação, nós decidimos " contra a resolução do Tribunal Constitucional apoiada por todos os partidos políticos do Parlamento da Catalunha menos pelo PPC e pelo movimento Ciutadans. Participa um milhão e meio de pessoas, segundo os organizadores e um milhão e cem mil pessoas segundo a Polícia. Na frente estavam os seis presidentes e ex presidentes da Generalitat e do parlamento: José Montilla, Ernest Benach, Pasqual Maragall, Jordi Pujol, Joan Rigol e Heribert Barreira.

28 de novembro de 2010: Nas eleições para o Parlamento catalão, a CiU é o partido mais votado, elegendo 62 deputados, ao mesmo tempo que o PSC, que chefiava o governo, tem o pior resultado de sempre, com 28 deputados. Acaba assim o governo tripartidário e a CiU volta a presidir o governo.

Agosto de 2012: o governo da Catalunha pede formalmente resgate ao governo de Madrid, no valor de 5.023 milhões de euros.

Setembro de 2010: Sondagem do Centro de Estudos de Opinião: 24,3% dos catalães a favor de um Estado independente, 31,0% a favor de um Estado federal, 33,3% a favor de uma Comunidade autónoma e 5,4% a favor de uma região.

11 de setembro de 2012: Manifestação pela independência da Catalunha, no centro de Barcelona, Catalunha, durante o Dia Nacional da Catalunha (Diada), sob o lema: "Catalunha, novo Estado da Europa". Participaram entre 600.000 e 2 milhões de pessoas. A manifestação foi convocada pela Assembleia Nacional Catalã (ANC), surgida a partir de assembleias em centenas de municípios da Catalunha nos últimos anos e no contexto das consultas populares pela independência. Carme Forcadell, presidenta da ANC, afirmou: “Reclamamos ao governo catalão que empreenda os passos necessários para a secessão”.

Setembro de 2012: Sondagem do Centro de Estudos de Opinião: 44,3% dos catalães a favor de um Estado independente, 25,5% a favor de um Estado federal, 19,1% a favor de uma Comunidade autónoma e 4,0% a favor de uma região.

25 de setembro: Artur Mas anuncia a antecipação das eleições para 25 de novembro, afirmando que tem de interpretar a vontade do povo e que “chegou o momento de o povo da Catalunha exercer o seu direito à autodeterminação”.

25 de novembro de 2012: Os resultados das eleições surpreendem Artur Mas, já que a CiU perde 12 deputados, castigada pela aplicação da política neoliberal e de apoio aos cortes orçamentais de Madrid. Ao antecipar as eleições e cavalgar a onda independentista, o chefe do governo esperava obter maioria absoluta sozinho. Em contrapartida, a ERC mais que duplica a sua bancada, passando para 21 deputados e tornando-se a segunda força política do país. A notar ainda a irrupção na cena política da Candidatura de Unidade Popular, que obtém 3,48% e três deputados.  

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