"Bloco de Esquerda repudia todos os atos de violência e terrorismo"

Intervenção da deputada Mariana Mortágua na Assembleia da República sobre o Estado Islâmico (19-09-2014).

28 de setembro 2014 - 18:52
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Mariana Mortágua: A ascensão desta forma máxima de terror não é a expressão de qualquer religião, ao contrário do que alguns tentam fazer crer.
Mariana Mortágua: A ascensão desta forma máxima de terror não é a expressão de qualquer religião, ao contrário do que alguns tentam fazer crer.

O proclamado Estado Islâmico é a expressão máxima e gratuita do poder indiscriminado do terror. Terror que se abate sobre populações indefesas, obrigadas a migrações em massa, sobre as mulheres, vítimas de violação como arma de guerra e de uma opressão sem fim.

A ascensão desta forma máxima de terror não é a expressão de qualquer religião, ao contrário do que alguns tentam fazer crer, sendo certo que as principais vítimas do ISIS são precisamente as populações islâmicas destes territórios.

Não pode haver nenhuma contemplação com esta força nem com os seus apoiantes externos – que devem ser perseguidos e sancionados. É por isso mesmo preciso parar o fluxo financeiro através de paraísos fiscais que permite a subsistência desta forma de barbárie.

É por isso necessário e urgente sancionar quem financie, através da compra de petróleo, a construção deste protoestado do terror.

Não pode haver nenhuma contemplação com esta força nem com os seus apoiantes externos – que devem ser perseguidos e sancionados. 

Concordamos com o PSD, quando diz no seu voto que “a ascensão do Estado Islâmico vem provar que o mundo está hoje mais perigoso e imprevisível”. Mas não nos esquecemos das alterações geoestratégicas que potenciaram esta mudança no mundo.

A invasão do Iraque, vergonhosamente sufragada nos Açores por Durão Barroso, a pretexto de uma mentira infame, não só não trouxe a democracia e liberdade prometidas, como gerou o caos que se tem abatido na última década sobre a região.

Independentemente das considerações sobre o que nos trouxe até à calamidade atual, o que importa agora é concentrar todos os esforços na defesa das populações que estão sob ocupação e a ser chacinadas.

O reconhecimento dos erros cometidos num passado recente, deve levar-nos a recusar formas de intervenção ilegítima (sem o mandato internacional da ONU), ao arrepio do direito internacional e sem o acordo dos parceiros estratégicos. Estas intervenções ilegítimas só terão como resultado incendiar a região e reforçar os extremismos que importa combater neste momento.

É por isso que afirmamos que o que aconteceu hoje com o bombardeamento de França nestes territórios é inaceitável. Hoje, como no passado, ninguém tem o direito de se autoproclamar polícia do mundo. Aliás, esta atitude só nos mostra como continuamos a não aprender com os erros que nos trouxeram à situação que hoje vivemos e que hoje tentamos controlar.

Dito isto, o Bloco de Esquerda repudia todos os atos de violência e de terrorismo que se vivem nestes territórios prestamos o nosso pesar às vítimas deste extremismo violento e apelamos a que a comunidade internacional encontre uma solução justa, democrática e que defenda os interesses destas populações.  

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