Trabalhadores da PT admitem marcar nova greve

03 de agosto 2017 - 22:58

Num protesto que decorreu esta quinta-feira em Viseu, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Portugal Telecom admitiu o recurso a nova greve, caso os direitos e postos de trabalho continuem a ser postos em causa pelo mecanismo de transferência de estabelecimento.

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Trabalhadores da PT admitem recurso a nova greve. Foto de Paulete Matos.
Trabalhadores da PT admitem recurso a nova greve. Foto de Paulete Matos.

"Decidimos que é necessário continuar a lutar, com todo o tipo de ações e pressão sobre o governo, no sentido de sermos recebidos. Há disponibilidade total para uma nova ação igual ou superior à feita no dia 21 [de julho], se as coisas não se resolverem normalmente e neste tempo imediato", admitiu Jorge Félix, à porta das instalações da PT de Viseu.

Depois de um plenário que decorreu ao longo de três horas, os trabalhadores concentraram-se para pedir ao Governo que receba os trabalhadores. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da PT, "as transmissões que estão a ocorrer na Portugal Telecom são irregulares e ilegais".

Jorge Félix deixou ainda um alerta ao Governo: "depois do que o senhor primeiro-ministro teve a coragem de dizer publicamente, tem de passar das palavras aos atos e fazer com que esta situação seja revertida”

Em causa estão cerca de 155 trabalhadores que já foram transferidos para outras empresas subsidiárias da Altice e não só. Em Viseu muitos trabalhadores da PT estão a ser transferidos para o Grupo Visabeira, empresa com sede na cidade do centro do país.

É o caso de Francisco Coelho de 53 anos, que passou, há cerca de duas semanas, para uma empresa do Grupo Visabeira, depois de trabalhar cerca de 27 na PT de Viseu.

"Mandam-nos e temos que andar que nem carneirinhos. A informação nem nos é dada no tempo que a lei exige, é preferível pagarem multas do que informar os colaboradores a tempo", lamentou em declarações à Agência Lusa. Francisco Coelho revelou que durante um ano vai trabalhar no mesmo local, com os mesmos costumes mas com novos patrões. Muitas destas transferências não garantem direitos para lá de um ano, sem haver garantias do futuro destes trabalhadores.

"Dizem-nos que não perdemos direitos, mas no fim do ano perdemos o subsistema de saúde que temos e a Caixa Geral de Aposentações. Por exemplo, aqui se me quisesse reformar aos 55 anos já podia e tendo passado para a Segurança Social perdi esse direito: afinal as coisas não são como dizem", sublinhou.

Em relação ao salário mensal também lhe garantiram que seria o mesmo, no entanto, garante que é como São Tomé e terá de aguardar até ao final do mês para "ver para crer".

"Tenho 53 anos, quem rescinde agora recebe compensação um pouco acima da lei, mas não dão fundo de desemprego e faltam-me 13 anos para a reforma. Os jovens não conseguem emprego e eu vou arranjar emprego?", concluiu, mostrando-se muito preocupado com o futuro que irá encontrar dentro de um ano.