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Socialismo 2015: “O desafio é desarmadilhar o discurso do senso comum”

O Fórum Socialismo 2015 arrancou na sexta-feira com uma sessão de abertura onde participaram Manuel Carvalho da Silva, José Soeiro, Luísa Cabral, Miguel Guedes e Marisa Matias. O ex-líder da CGTP diz que as próximas eleições “vão realizar-se num atoleiro político, e as propostas dos dois principais partidos tendem a aprofundar esse atoleiro.”
Foto Paulete Matos.

(Veja também a fotogaleria da sessão de abertura e notícia da intervenção de Marisa Matias sobre o drama dos refugiados)

Na abertura do Socialismo 2015, Manuel Carvalho da Silva falou do estado do país à beira de eleições e do “atoleiro político” em que se encontra. Referindo-se às sondagens que dão um empate técnico à coligação de direita e ao PS, Carvalho da Silva defendeu que “é preciso desempatar, mas sem marcar um autogolo.”

Carvalho da Silva no Socialismo 2015.
Foto Paulete Matos

Para o sociólogo e ex-sindicalista, a confirmar-se que não haverá maioria para um só partido, e dado que os socialistas se posicionam ao centro para participar ou viabilizar um governo de direita, “o importante é reforçar as forças à esquerda do espaço político” e trabalhar para a unidade destas forças.

“Nós temos de criar um carta de deveres. E o primeiro dever é exercer os nossos direitos”, concluiu Carvalho da Silva, citando José Saramago e desejando ao Bloco de Esquerda uma boa campanha.

Miguel Guedes: “É preciso lutar contra o esquecimento”

Também Miguel Guedes, vocalista dos Blind Zero, fez votos para que o Bloco consiga unir e representar uma grande força à esquerda que possa “lutar contra o esquecimento”, dando como exemplo alguns episódios que marcaram o mandato dos atuais e antigos governantes: dos elogios de Passos Coelho a Dias Loureiro ao champanhe de Nuno Melo e ao relógio de Paulo Portas, passando pelo buraco do BPN à vitimização de Passos após se descobrir as suas dívidas à Segurança Social.

Miguel Guedes no Socialismo 2015.
Foto Paulete Matos

Miguel Guedes concluiu que “cabe ao Bloco fazer um Plano B, fazer a diferença falando a verdade, combatendo o esquecimento” e lutando contra a perseguição social aos mais pobres, que tem cortado as prestações sociais ao mesmo tempo que aumenta a carga fiscal sobre quem trabalha ou já se reformou.

Luísa Cabral: “Governo caiu sobre os reformados como um abutre”

Sobre a situação atual dos reformados portugueses falou Luísa Cabral, ativista da APRe!, sublinhando o compromisso do Bloco com “o o fim imediato do congelamento das pensões”. “O governo de direita escolheu como alvo o grupo mais frágil, sem organização nem estrutura, e caiu sobre ele como um abutre. Todos os reformados e pensionistas estão a ser atingidos.”

Luísa Cabral no Socialismo 2015.
Foto Paulete Matos

Luísa Cabral defendeu também a reposição integral do valor cortado às pensões e reformas acima dos mil euros e a necessidade de estar ao lado do Estado Social contra a tentativa de privatizar a Segurança Social, obrigando os trabalhadores a descontarem para fundos de pensões privados que não passam de “uma mistificação neoliberal que promete mundos e fundos contra os interesses dos que vivem apenas do seu trabalho”.

José Soeiro: ”Privatização STCP/Metro é um assalto à cidade e ao distrito do Porto”

Na abertura do  encontro, o deputado bloquista e candidato pelo círculo do Porto José Soeiro deu as boas vinda aos participantes no Fórum Socialismo e propôs o desafio de “desarmadillhar o discurso do senso comum que o governo quer fazer acreditar a sociedade portuguesa”, quando recorre a “mentiras descaradas” nos materiais de propaganda da coligação PSD/CDS.

A tentativa do governo de privatizar por ajuste direto a STCP e o Metro do Porto até às eleições é “um assalto à cidade e ao distrito” que deve ser combatido, prosseguiu José Soeiro, antes de falar das lições que é preciso retirar da chantagem europeia à Grécia.

José Soeiro no Socialismo 2015.
Foto Paulete Matos

Soeiro lembrou que “a punição da Grécia” não foi apenas defendida por conservadores e liberais, mas também pelos socialistas europeus que já tinham estado na primeira linha da aprovação do Tratado Orçamental que institui a austeridade como rumo para a União Europeia. “Qualquer alternativa passará pelo confronto, pela desobediência, e pela preparação de um plano de rotura quanto à união monetária”, concluiu Soeiro, prometendo para esta campanha do Bloco “um programa que não é de meias palavras mas que diz ao que vem na dívida, na reforma fiscal, na recuperação dos rendimentos, nos serviços públicos e nas questões europeias”.

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