“Eu não aconselharia Portugal a ousar esse passo, porque a comparação com a Grécia não me parece adequada”, afirmou o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, respondendo na Comissão dos Assuntos Económicos do Parlamento Europeu sobre a possibilidade de as novas condições acordadas para o empréstimo à Grécia poderem ser aplicadas aos restantes países sob programa, ou seja, Portugal e a Irlanda.
Wolfgang Schäuble desaconselhou Portugal a reclamar a aplicação das condições acordadas para a Grécia na passada segunda-feira, na reunião dos ministros das Finanças da zona euro, referindo que Atenas é um “caso muito específico”. O ministro alemão disse ainda que seria um "sinal terrível" se Portugal pedisse uma extensão no pagamento de juros. Aliás, se Portugal pedir um alargamento do período de carência em dez anos, tal "seria um sinal chocante", disse ainda.
Na mesma linha, o ministro das Finanças francês, Pierre Moscovici, disse que as situações de Portugal e da Grécia são distintas, sublinhando que o programa de ajustamento português está a ser bem concretizado.
“As situações não são as mesmas, não me parece que se deva imitar a solução que temos para a Grécia”, argumentou o ministro francês.
Segundo o Diário Económico, a presidente da Comissão Parlamentar de Economia e Finanças, Sharon Bowles, resumiu a mensagem dos ministros alemão e francês dizendo que Portugal "deve manter o bom trabalho", não deixando de acrescentar que "tem compaixão pelo argumento da sustentabilidade associada às taxas de juro".
Reunião do Eurogrupo exclui discussão oficial sobre “igualdade de tratamento” entre países resgatados
Os ministros da Finanças da zona euro estão reunidos em Bruxelas, num encontro que não deverá ter na agenda a extensão a Portugal das mesmas vantagens concedidas a Atenas.
O único ponto em agenda relacionado com Portugal será a constatação da avaliação positiva da troika (FMI, BCE e CE) na sexta revisão do programa de ajustamento, restando saber se o hipotético alargamento das novas condições de ajuda à Grécia aos outros países sob programa será levantada no encontro pelo próprio ministro das Finanças, Vítor Gaspar.
Na semana passada, a zona euro e o FMI chegaram a um acordo sobre a revisão da ajuda à Grécia. Na altura, o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, indicou que os outros países sob programa, Portugal e Irlanda, deveriam também beneficiar das novas regras para os empréstimos concedidos à luz do fundo europeu de estabilização financeira.
O ministro das Finanças, que representará Portugal não reunião do Eurogrupo, também disse na passada terça-feira, na Assembleia da República, que Lisboa e Dublin iriam beneficiar do “princípio de igualdade de tratamento”.
No domingo, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou que as novas condições de financiamento da Grécia se aplicam parcialmente a Portugal e à Irlanda e que o Eurogrupo decidirá, a seu tempo, "e sem qualquer ansiedade", os termos dessa igualdade de tratamento.
Entre as novas medidas concedidas à Grécia, contam-se uma descida de 100 pontos base da taxa de juro cobrada nos empréstimos concedidos bilateralmente, uma extensão em 15 anos dos maturidades dos empréstimos e uma redução de 10 pontos base das comissões pagas pelos empréstimos do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, assim como uma extensão, por dez anos, do prazo para Atenas pagar os juros dos empréstimos.
Schaüble: Seria "chocante" dar a Portugal condições iguais à Grécia
03 de dezembro 2012 - 18:50
Esta segunda-feira, em Bruxelas, os ministros das Finanças da Alemanha (Schäuble) e França (Moscovici) opuseram-se à aplicação em Portugal das melhorias oferecidas à Grécia nos seus créditos do fundo de resgate, aconselhando o país a não se pôr ao mesmo nível dos gregos.
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Wolfgang Schäuble desaconselhou Portugal a reclamar a aplicação das condições acordadas para a Grécia na passada segunda-feira, na reunião dos ministros das Finanças da zona euro, referindo que Atenas é um “caso muito específico”.