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Relatório revela inércia e progressos na ciência europeia

Foi divulgado o relatório de 2010 da UNESCO dedicado à Ciência. O relatório analisa o estado e a evolução da investigação científica em todo mundo. As conclusões relativas à Europa são em parte animadoras e parcialmente frustrantes. Por Rui Curado Silva.
Objectivos de dedicar 3% do PIB à investigação até 2010 estão longe de ser cumpridos. Foto de Claudio.Ar, flickr.

O relatório revela que a União Europeia é hoje claramente o espaço geopolítico que lidera na produção de publicações científicas com 36,5% das publicações científicas mundiais, à frente dos EUA com 27,7%, do Japão com 7,6% e da China 10,6%. O relatório refere outro aspecto positivo importante que consiste na criação de instituições de investigação supra-nacionais, entre as quais se destaca o CERN, na totalidade de 180 organizações cobrindo praticamente todas as áreas do saber. Apesar destes aspectos serem positivos, não são suficientes para nos darmos por satisfeitos com a política científica europeia.

De facto, o relatório indica que muito ficou por fazer no que respeita ao investimento em investigação e em desenvolvimento e ao impacto da ciência na sociedade, através da inovação e da criação de novas tecnologias. Quando consideramos os objectivos constantes na estratégia de Lisboa e de Barcelona da UE (União Europeia), em particular o objectivo de dedicar 3% do PIB à investigação até 2010, verifica-se que maior parte dos países membros estão longe desse patamar e por conseguinte também média europeia não atinge a fasquia dos 3%. A distracção e a poluição que o debate político europeu sofreu quando se atribui total prioridade ao combate ao terrorismo, bem como as imensas dificuldades que resultaram da presente crise internacional explicam em grande medida o esquecimento dos principais objectivos no campo da ciência que tinham sido acordados pelos estados europeus.

Sendo o número de patentes registadas um parâmetro que ilustra razoavelmente o impacto da inovação e das novas tecnologias na sociedade, verifica-se que este é outro domínio que ficou relativamente esquecido na UE. A UE continua a patentear menos do que os EUA e apenas em 2007 ultrapassou o Japão, com a agravante de ambos os países serem menos populosos do que a totalidade da UE – dados fornecidos pelo European Patent Office, pelo Japanese Patent Office e pelo United States Patents and Trademark Office.

Sobre o/a autor(a)

Investigador no Departamento de Física da Universidade de Coimbra
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