Reformados e pensionistas cantam “Grândola, Vila Morena” durante debate parlamentar

03 de maio 2013 - 13:35

A música de Zeca Afonso voltou a ser ouvida na Assembleia da República como forma de protesto contra as políticas de austeridade impostas pelo executivo do PSD/CDS-PP. Dezenas de reformados e pensionistas cantaram a “Grândola, Vila Morena” após a discussão de uma petição apresentada pela Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados (APRe!).

PARTILHAR
Foto de Paulete Matos.

Após a discussão da petição que tem como primeira subscritora a presidente da Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados (APRe!), Maria do Rosário Gama, e que apelava à verificação da constitucionalidade das medidas propostas no Orçamento do Estado para 2013, que se traduzem numa redução significativa de pensões e reformas, várias dezenas de pessoas manifestaram-se esta sexta feira durante o plenário da Assembleia da República cantando "Grândola, Vila Morena", de Zeca Afonso.

Os presentes, entre os quais se incluía Maria do Rosário Gama, levantaram-se das cadeiras que ocupavam nas galerias cantando a senha da revolução do 25 de Abril de 1974 e empunhando camisolas negras dizendo "não somos descartáveis".

Juntamente com a petição foi discutido ainda um Projeto de Resolução do Bloco de Esquerda que visava o aumento no valor de 15 euros de todas as pensões mínimas. Esta proposta, sujeita a votação, foi rejeitada pelo PSD, CDS-PP e PS.

Reagindo ao protesto levado a cabo por dezenas de pensionistas e reformados, a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, frisou que o Parlamento não é “lugar de manifestações” e pediu às pessoas “que saíssem das galerias”. “Não ajuda à democracia o que os senhores estão a fazer", afirmou.

Os trabalhos parlamentares acabaram por ser interrompidos por alguns minutos, enquanto vários agentes da PSP retiravam os manifestantes para a saída, que continuaram a cantar a “Grândola, Vila Morena” até abandonarem o edifício.

Já no exterior da Assembleia da República, a presidente da APRe! salientou que "o que não ajuda à democracia é a posição do Governo que nos rouba assim desta maneira”. “A discussão [parlamentar] passou-se sem qualquer perturbação, nós só manifestámos o nosso descontentamento no momento em que saímos", adiantou.

Segundo Maria do Rosário Gama, os cortes nas pensões de reforma "que já foram feitos e os que estão para vir" constituem "um massacre" aos pensionistas.

"Nós estamos a ser alvo de um massacre por aquilo que já aconteceu e por aquilo que se prevê que venha a acontecer. Ao fim de uma carreira contributiva, estão-nos a tirar tudo aquilo que é o nosso vencimento", criticou.



 

File attachments