Racionamento de medicamentos no Hospital de Guimarães

16 de janeiro 2013 - 10:00

O Hospital de Guimarães só disponibiliza medicação para 15 dias, mesmo para doentes crónicos. O Bloco de Esquerda denuncia a situação, considera este racionamento inaceitável e salienta que a medida “dificulta a adesão à terapêutica”, “prejudica os utentes” e “fá-los arcar com custos de transportes que, para muitas pessoas, são difíceis de suportar”.

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O Hospital de Guimarães só disponibiliza medicação para 15 dias, mesmo para doentes crónicos.

Em novembro, o deputado João Semedo questionou o Governo sobre o facto de o Hospital de Guimarães estar a dispensar medicação com uma periodicidade muito reduzida (15 dias). Esta medida obriga as pessoas a dirigirem-se duas vezes por mês ao hospital para obterem a medicação de que necessitam, o que dificulta adesão à terapêutica, prejudica os utentes e fá-los arcar com custos de transportes que, para muitas, são difíceis de suportar.

O Bloco acrescenta que como o horário da farmácia hospitalar é das 9h30 às 17h30, muitas pessoas que trabalham são obrigadas a faltar ao trabalho duas vezes por mês para poderem levantar os medicamentos. Se a medicação estiver esgotada, as pessoas têm que se deslocar novamente ao hospital dias depois, o que acarreta ainda mais transtorno e mais custos.

Na resposta, o Governo confirma o racionamento, dizendo que "preferencialmente, e sempre que o caso clínico o permita, as cedências de medicamentos em ambulatório devem ser dadas para 15 dias". O Bloco refere que, até há alguns meses, o Hospital de Guimarães dispensava medicação para períodos mais alargados.

O Governo afirma também que "desde que não provoque prejuízo ao doente, nomeadamente no que respeita à sua situação clínica (o Hospital de Guimarães) procede à cedência de medicamentos para um prazo mais alargado". O Bloco desmente e ilustra com o caso de uma criança que sofre de uma doença rara e crónica, para a qual necessita tomar diariamente fludrocortisona. Até há pouco tempo, a medicação para esta criança era dispensada para 100 dias. Atualmente, o medicamento é disponibilizado apenas para quinze dias, o que prejudica gravemente as pessoas responsáveis pela criança, que não residem em Guimarães.

O Bloco contesta também a afirmação governamental de que a farmácia hospital garante dispensa de medicamentos "fora do seu período de funcionamento (9h00 às 17h30) para todos os doentes que não se possam deslocar (ao Hospital de Guimarães) neste período”, pois na caso referido, “nunca houve disponibilidade para dispensar a medicação noutro horário”.

O Bloco de Esquerda considera este racionamento de medicação inaceitável e afirma: a dispensa de medicamentos deve ser feita de acordo com a prescrição médica compatibilizando-a com as necessidades dos utentes de modo a promover a adesão à terapêutica.