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“Queremos saber por que a troika não viu o que se estava a passar no BES”

Mariana Mortágua quer chamar a troika a depor na Comissão de Inquérito Parlamentar ao BES. Bloco quer apurar se a solução do governo foi a melhor e quais são as suas consequências, já que “a ministra das Finanças dizia nem há um mês que não haveria custos para os contribuintes, mas depois já disse que vai haver”.
Mariana Mortágua: "Em que ficamos? Tem ou não tem custos?”. Foto de Paulete Matos
Mariana Mortágua: "Em que ficamos? Tem ou não tem custos?”. Foto de Paulete Matos

O Bloco de Esquerda quer chamar a troika a depor na Comissão de Inquérito Parlamentar à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES). “Queremos perceber como é que a troika esteve em Portugal durante três anos e conseguiu fiscalizar o orçamento de cada família, ir atrás das despesas mais básicas, mas foi incapaz de perceber o que se estava a passar no BES”, explicou a deputada Mariana Mortágua aos jornalistas no final da tomada de posse da comissão. “Agora é a vez de a troika ir à Comissão de Inquérito e prestar contas aos deputados sobre aquilo que não fez e devia ter feito”, completou.

Esquemas ilegais de financiamento

A deputada do Bloco explicou aos jornalistas os objetivos que vão pautar a intervenção do partido na comissão. O primeiro objetivo será perceber o que aconteceu no Grupo Espírito Santo nos últimos anos, e descobrir os esquemas ilegais de financiamento envolvendo as holdings.

Agora é a vez de a troika ir à Comissão de Inquérito e prestar contas aos deputados sobre aquilo que não fez e devia ter feito, diz Mariana Mortágua.

“Queremos descobrir qual o papel da gestão de Ricardo Salgado nestes crimes – hoje está quase provado que foram crimes e esquemas de branqueamento de capitais”. A economista afirmou que quanto mais se pesquisa o assunto, “mais percebemos que é um polvo com tentáculos intermináveis. Vai de Angola, dos negócios dos submarinos da Escom, vai ao Luxemburgo, à Suíça, envolve gestores internacionais que já foram condenados por branqueamento de capitais, envolve offshores em todo o mundo”.

Vai ou não haver custos para os contribuintes?

O segundo objetivo é apurar como é possível que a supervisão tenha visto o BES a derrocar debaixo dos seus olhos e não faz nada. “Como é que a supervisão vê várias empresas do grupo a falir em sequência, deteta esquemas ilegais, vê Ricardo Salgado preso preventivamente e nem assim reage”. Mariana Mortágua traçou também o objetivo de perceber “se a solução encontrada pelo governo foi a melhor solução possível, e quais são as consequências desta solução”.

“O primeiro-ministro e a ministra das Finanças diziam nem há um mês que esta solução não teria nenhum custo para os contribuintes. Mas quando pressionada pelos deputados já disse que isto vai ter custos para os contribuintes. Em que ficamos? Tem ou não tem custos?”, questionou a deputada.

No total, o PSD tem sete deputados efetivos na comissão, incluindo o presidente, Fernando Negrão, o PS tem cinco parlamentares, PCP e CDS dois e o Bloco de Esquerda um.

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