p { margin-bottom: 0.21cm; }
Milhares de egípcios já comemoravam a queda do presidente Hosni Mubarak na praça da Libertação, no Cairo, e noutras cidades do país, no entanto, o presidente egípcio acabou por anunciar na televisão estatal que não irá abandonar a presidência.
Mubarak afirmou que “não pode aceitar e não irá aceitar ordens do exterior, seja qual for a sua origem” e que irá “manter-se inflexível” no que concerne a “assumir a sua responsabilidade, protegendo a constituição e salvaguardando os interesses dos egípcios” até às eleições.
O presidente egípcio considera que os protestos não são contra a sua pessoa e declarou que não sairá de solo egípcio até estar enterrado sob o mesmo.
Os manifestantes reunidos na praça Tahrir e noutras cidades do país expressaram a sua revolta e a sua frustração perante as declarações de Mubarak, continuando a exigir a sua demissão.
Mohamed El Baradei reagiu ao discurso do presidente defendendo que “o Egipto vai explodir” e que cabe ao exército salvar o país agora.
Pouco depois de serem transmitidas as declarações de Mubarak, Omar Suleiman, a quem o presidente egípcio terá delegado algumas responsabilidades, pediu aos manifestantes que voltassem para as suas casas e para os seus trabalhos. Suleimen afirmou que é necessário dar passos no sentido de “salvaguardar a revolução da juventude”, mas também pediu aos egípcios que “dêem as mãos” ao governo em vez de se arriscarem a criar o caos.
Ainda durante a tarde, o Conselho Superior das Forças Armadas reuniu-se sem a presença de Mubarak, que é o principal chefe das Forças Armadas, e emitiu um “comunicado nº1”, em que afirmou que os militares consideram “legais e legítimas” as reivindicações do povo egípcio, que desde 25 de janeiro pede nas ruas a saída de Mubarak. O Conselho afirmou “o seu compromisso e a responsabilidade pela salvaguarda do povo e pela protecção dos interesses da nação, e o seu dever em proteger as riquezas do povo e do Egipto”. E ainda que “decidiu permanecer reunido em sessão permanente para examinar as decisões que podem ser tomadas para proteger a nação, os direitos e ambições do grande povo egípcio”.
O Conselho Superior das Forças Armadas do Egipto só reuniu três vezes em toda a sua história: em 1967, em 1973 – e agora, recordou o correspondente da Al Jazira Alan Fisher.
O comunicado foi muito bem recebido pela multidão reunida na praça Tahrir, no Cairo, que a partir daí não parou de crescer. “O Exército e o povo do mesmo lado – o Exército e o povo estão unidos”, foi o grito da multidão. Um general do Exército subiu ao palco improvisado na praça, e disse aos manifestantes que todas as suas exigências vão ser aceites.
Quase ao mesmo tempo, o ministro das Finanças egípcio, Samir Radwan, numa entrevista à televisão britânica Sky News, disse que o vice-presidente Omar Suleiman já governa o Egipto há uma semana. E admitiu que os jovens, “homens e mulheres”, foram ignorados “durante muito tempo” e que agora é hora de... “os levar a sério”.
Segundo a TV Al Arabiya, os militares egípcios têm a intenção de entregar o poder ao ex-chefe do Serviços de Segurança Omar Suleiman, que já afirmou que “os egípcios não estão preparados para a democracia”.