PSD admite novo aumento do IVA

24 de março 2011 - 14:09

Passos Coelho e Miguel Relvas reconhecem que o PSD considera mexer nos impostos sobre o consumo. No ano passado, Passos Coelho chegou a pedir desculpas por apoiar o aumento do IVA.

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“A haver algum ajustamento que seja necessário fazer, será mais por via dos impostos sobre o consumo", disse Passos Coelho. Foto de europeanpeoplesparty

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O líder do PSD, Passos Coelho, admitiu esta quinta-feira em Bruxelas que se o PSD chegar ao governo pode promover um novo aumento do IVA. Falando à entrada de uma cimeira do Partido Popular Europeu (PPE), Passos Coelho, questionado sobre as notícias de que o PSD pensa evitar cortes nas reformas através de uma subida do IVA, alegou desconhecer a real situação financeira do país, mas confirmou que, a ter de haver ajustamentos, será nos impostos sobre o consumo.

“Até haver um conhecimento completo da situação financeira portuguesa, não é possível a nenhum responsável dizer que não será necessário mexer nos impostos. Mas se ainda vier a ser necessário algum ajustamento, a minha garantia é de que seria canalizado para os impostos sobre o consumo, e não para impostos sobre o rendimento das pessoas”, disse.

“A haver algum ajustamento que seja necessário fazer, será mais por via dos impostos sobre o consumo do que do rendimento das pessoas através dos impostos ou através de cortes salariais ou das pensões”, reforçou.

Antes, à agência Lusa, Miguel Relvas, secretário-geral do PSD, já tinha dito algo semelhante: “A ser necessário, só consideraríamos mexer em impostos sobre o consumo e não nos impostos sobre o rendimento das pessoas e nem nas pensões e reformas dos sectores mais degradados e carenciados, como previa o Programa de Estabilidade e Crescimento do PS".

Pedido de desculpas

Recorde-se que em Maio do ano passado, quando o governo anunciou o aumento do IVA de 20 para 21%, Passos Coelho apoiou a medida e pediu desculpas aos portugueses, por contradizer as promessas de campanha do PSD.

"Devo pessoalmente um pedido de desculpas ao país por estar hoje a fazer aquilo que disse que não gostaria de fazer e que não achava que devesse ser feito, porque não defendi aumento dos impostos e disse mesmo que era necessário esgotar todas as vias para que os nossos compromissos internacionais não exigissem estas medidas", disse, então, Passos Coelho.

Em Novembro, e mais uma vez com o acordo de Passos Coelho – que, dessa vez, não pediu desculpas – o IVA voltou a ser aumentado para 23%, no Orçamento para 2011.

Vale ainda a pena recordar que no livro "Mudar", editado em 2010, Passos Coelho escreveu:

"Os impostos indirectos tratam todos pela mesma medida, tanto pobres como ricos, razão porque são, nesse aspecto, mais injustos. É essa, aliás, a razão porque eu nunca concordei em taxar cada vez mais os impostos indirectos, nomeadamente o IVA. Ele vale 20% para quem tem muito como para quem tem pouco".