Professores têm dificuldades em lidar com crianças adotadas

16 de agosto 2016 - 13:38

A Universidade do Porto (UP) elaborou um estudo onde demonstra que os professores do ensino básico revelam dificuldades para ajustar a prática pedagógica na resposta às necessidades sentidas pelas crianças adotadas.

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Foto Ipressglobal

Para Maria Barbosa-Ducharne, coordenadora da investigação, este trabalho teve como objetivo central perceber como a escola e a comunidade escolar se posicionam face à adoção, a partir da figura do professor, que é "significativa no seio das relações que as crianças desta idade estabelecem".

Este é um dos resultados obtidos pelo Grupo de Investigação e Intervenção em Acolhimento e Adoção (GIIAA) da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da UP (FPCEUP) no âmbito de um projeto onde foram entrevistados cerca de 600 professores de 150 escolas do Porto e de Coimbra.

A procura da sensibilidade

"As questões relativas à legislação da adoção constituem-se, para grande parte dos professores, um campo ainda desconhecido, visto que as respostas às perguntas dessa natureza foram sinalizadas de forma incorreta ou pela opção 'não sei'", disse à Lusa Maria Barbosa-Ducharne.

Nesta investigação verificou-se igualmente que não havia diferenças ao nível do conhecimento sobre a adoção entre professores que já tiveram contacto com crianças adotadas e aqueles que não tiveram, havendo, no entanto, diferenças quanto às práticas pedagógicas utilizadas.

O estudo revela também que as professoras têm mais conhecimento sobre adoção do que os professores e que os profissionais mais velhos e mais experientes são mais conhecedores de alguns aspetos específicos desta matéria.

Desta forma, quando são confrontados com uma situação deste género "os professores são levados a procurar estratégias alternativas que possam ir ao encontro das suas necessidades", ajustamento esse que é baseado na sensibilidade e na experiência do profissional.

O estudo revela também que as professoras têm mais conhecimento sobre adoção do que os professores e que os profissionais mais velhos e mais experientes são mais conhecedores de alguns aspetos específicos desta matéria

Apesar de estes profissionais terem para os investigadores, "um papel muito importante na facilitação da criança adotada na escola", os dados indicam que "não estão mais informados sobre adoção do que o público em geral", o que pode ser explicado pelo facto de não haver formação específica nesta área.

Maria Barbosa-Ducharne refere ainda que quando o contexto escolar é percebido pela criança adotada como mais discriminatório em relação à adoção, falar abertamente com os outros contribui para que ela se sinta menos triste, com menos raiva, menos diferente e menos confusa sobre quem é.