Professores: adesão elevada a uma greve considerada “decisiva”

15 de novembro 2017 - 11:32

Na manhã desta quarta-feira, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, disse que a greve dos professores “vai ser decisiva” para o plano negocial. De norte a sul do país há escolas fechadas e a adesão à greve é elevada. Bloco quer inscrever a contagem total do tempo de serviço já neste orçamento, anunciou a deputada Joana Mortágua.

PARTILHAR
Foto de Manuel Araújo/ LUSA.
Foto de Manuel Araújo/ LUSA.

Mário Nogueira falava aos jornalistas à porta da Escola Secundária Manuel da Maia, em Lisboa, que às 8h da manhã já tinha dezenas de pais e alunos à porta, a marcar o início da greve dos professores. Em declarações à Lusa, o secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof) explicou que àquela hora era ainda cedo para avançar com os números da adesão à greve, uma vez que a maioria das escolas ainda não tinha iniciado as aulas.

“Aqui na Escola Secundária Manuel da Maia, em Lisboa, como se pode ver as aulas começam às 8h e os alunos estão todos aqui porta. É uma escola que por norma não é uma escola em que os níveis de adesão sejam elevados. Praticamente a escola está parada e penso que vai repetir-se por todo o país”, disse.

Porém, a Lusa e outros meios de comunicação, citando fontes sindicais, avançam com dados sobre muitas escolas fechadas na região de Braga, Porto, Vila Real, Coimbra, Aveiro, região de Lisboa, Algarve e Madeira.

No Algarve, a adesão à greve dos professores é transversal aos vários níveis de ensino, disse à Lusa Ana Simões, da Fenprof: "Apesar de ainda não terem sido apurados dados concretos, a adesão à greve "está a ser elevada" e é "transversal" aos vários níveis de ensino.

Várias escolas da região do Porto estão fechadas devido à greve dos professores, disse a coordenadora do Sindicato dos Professores do Norte, sinalizando “uma das maiores greves de sempre”, com “uma adesão esmagadora”.

Em Coimbra, a Escola Secundária Avelar Brotero registou uma adesão de 70 por cento à greve dos professores, uma das mais elevadas da cidade, havendo ainda estabelecimentos do concelho e da região, de diferentes níveis de ensino, com participações na greve a chegar aos 100 por cento. A mesma situação regista-se em Aveiro. Já na Madeira, a adesão à greve dos professores é de 50 por cento e centenas protestaram nas ruas do Funchal.



Para as 11h estava marcada uma concentração em frente à Assembleia da República. Com atraso, saiu já do Largo do Rato um grupo de docentes associados à Fenprof, iniciando um desfile rumo à Assembleia da República, ao som de ‘Grândola Vila Morena’, de José Afonso.

“Esta greve é decisiva para o plano negocial com o Governo”

“Os professores sabem que esta greve é talvez decisiva naquilo que pode vir a acontecer no plano negocial com a reunião que amanhã se realizará [na quinta-feira, com o Ministério da Educação]”, disse Mário Nogueira, esta manhã.

A Fenprof e a Federação Nacional de Professores (FNE) estiveram reunidas na terça-feira com o Governo. Em comunicado posteriormente, à noite, o Governo anunciou ter registado “avanços no sentido de um potencial acordo negocial”.

O Governo acrescentou que “foram exploradas possibilidades” que vão agora ser analisadas, nas próximas reuniões entre as partes. Já António Costa admitiu, no final da reunião da comissão politica do PS, que “as reivindicações dos professores são legítimas”, cita a TSF. Porém, o Primeiro-ministro salientou que é preciso “ter noção da realidade”, garantindo que apesar disso, o cronómetro da carreira dos professores vai voltar a andar.

Em declarações à Lusa, Mário Nogueira disse que a “aquilo que ficou previsto na reunião na terça-feira foi que a negociação tinha de continuar”. “Ontem não houve nenhuma apresentação de uma proposta concreta da parte do governo. Houve sim a tentativa de durante quase duas horas de nos explicar porque é que no plano estritamente jurídico o tempo não podia ser recuperado. Eles têm de perceber que a ditadura do jurídico não se pode sobrepor aos direitos das pessoas”, frisou.

Mário Nogueira destacou ainda que "os professores não estão a reivindicar mais salários", só a pedir o que é justo: “As pessoas trabalharam durante nove anos, quatro meses e dois dias em que estiveram congeladas as carreiras. Não estamos a exigir que seja em dois anos, estamos disponíveis para negociar um faseamento”.

Bloco quer inscrever a contagem total do tempo de serviço já neste Orçamento do Estado


Joana Mortágua. Foto de Esquerda.net.

A deputada do Bloco Joana Mortágua esteve esta manhã na Escola Secundária Manuel da Maia, em Lisboa, solidária com a greve dos professores. Em declarações à imprensa, anunciou que o Bloco irá inscrever a contagem total do tempo de serviço já neste Orçamento do Estado para 2018, no âmbito da discussão na especialidade, admitindo que esta medida pode ser faseada.

Sublinhando que o professores já se mostraram disponíveis para negociar o faseamento da reparação deste “apagão injusto” do seu tempo trabalho, a deputada do Bloco disse ainda que irá propor uma outra medida para ajudar nas negociações, nomeadamente, a possibilidade dos docentes poderem, por opção, reformar-se mais cedo.

O Bloco apresentou ao Governo esta solução, mas caso os docentes não o desejem, então o executivo deve contar, mesmo que seja de forma faseada, a totalidade do tempo de serviço para a progressão na carreira, “isso é claro”, afirmou Joana Mortágua.

“Não nos queremos sobrepor à negociação com os sindicatos. Queremos é que o Governo entre em negociações com os sindicatos, com vários modelos de faseamento da contagem do tempo de serviço, sabendo que há várias possibilidades. A hipótese de reforma antecipada é uma reivindicação antiga dos docentes. O objetivo é que o Governo perceba que, se tiver disponibilidade para isso, tem muitas formas de compensar os professores desta injustiça”, explicou a deputada do Bloco.

 

 

 

Termos relacionados: Sociedade