Primeira iniciativa do Bloco na AR será de combate à precariedade

25 de maio 2011 - 5:08

Num comício em Faro, Francisco Louçã anunciou que a primeira proposta do Bloco no parlamento eleito a 5 de Junho será de combate à precariedade. Na sua intervenção defendeu a renegociação da dívida e acusou PS, PSD e CDS de fugirem como o “diabo da cruz” das suas próprias propostas. Intervieram ainda João Vasconcelos e a deputada Cecília Honório (na foto).

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Cecília Honório, comício no IPJ em Faro - Foto de Paulete Matos

O coordenador da comissão política do Bloco falou também da “redução substancial” da contribuição patronal para a segurança social (taxa social única - TSU), que o Governo assinou no memorando para o FMI, considerando que se trata de “uma mudança do regime de segurança social”. “O PS tem o Eng. Sócrates a dizer, em Viseu, que a alteração da Segurança Social é poucochinho e tem, no mesmo dia, Teixeira dos Santos em Nova Iorque a dizer: cumprimos aquilo que nos comprometemos, que é muito”, referiu Louçã que salientou ainda que o chefe da delegação do FMI, Poul Thomsen, escreveu depois da assinatura do acordo em Lisboa, que Portugal se comprometera com uma redução das contribuições patronais para a segurança social em 5 mil milhões de euros.

No comício do Bloco de Esquerda, que encheu por completo o IPJ de Faro, Francisco Louçã lembrou que o ministro das finanças da Grécia anunciou que o país estava em risco de incumprimento e que a “Grécia está agora numa situação muito pior”, do que há um ano.

Relacionando com Portugal, sublinhou: “Se pagamos uma dívida com outra dívida com juros maiores, o resultado é uma dívida maior e se está sempre a crescer é cada vez mais difícil pagá-la”.

“Podemos renegociar agora para proteger a economia do desfalque que isto implica para as pensões, para os salários, para o investimento, para a recuperação da economia. Ou poderemos renegociar a dívida daqui a um ano em catástrofe com a bancarrota à porta”, destacou o dirigente do Bloco.

Francisco Louçã defendeu a necessidade de uma auditoria da dívida e considerou que a “renegociação tem que ser feita agora nas condições mais fortes que são as de 5 de Junho”, com o “objectivo de baixar o juro, que não pode destruir a economia portuguesa”.

A terminar, Francisco Louçã lembrou a notícia da fraude fiscal das ETT, sublinhando que "nenhuma indústria cresceu tanto como alugar pessoas ficando com uma parte do seu trabalho",  e anunciou que “a primeira proposta que o Bloco apresentará na AR é a transformação dos contratos precários, do trabalho temporário e de todas as formas de precarização, incluindo os falsos recibos verdes, em contratos efectivos, sempre que se trate de um trabalhador que tem um posto”.

A deputada Cecília Honório salientou o drama que o Algarve vive com 17% de desempregados e lembrou o “despedimento colectivo vergonhoso” na Groundforce, considerando que “estas são as marcas da traição de qualquer contrato de confiança mínima que era exigível entre o poder político e a região do Algarve”.

Cecília Honório declarou ainda: “Quando o Eng. José Sócrates continua a bater no peito em defesa do Estado Social nós sabemos que a cassete é daquelas antigas e até já tem a fita muito gasta e estragada”.

João Vasconcelos, segundo candidato do Bloco pelo círculo de Faro, falou das Portagens na Via do Infante, considerando que “será mais uma machadada na economia do Algarve”, realçando que “a Estrada Nacional 125 não oferece qualquer alternativa credível” e sublinhando que “é uma tremenda injustiça”, “pois dois terços dela foram construídos com dinheiros da UE”. João Vasconcelous desafiou ainda os candidatos de outros partidos, “que se dizem contra as portagens na Via do Infante”, a que marquem presença na marcha de protesto marcada para o próximo dia 28 de Maio.