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Povo nas ruas derruba presidente da Tunísia

Ben Ali, no poder desde 1987, fugiu do país. Primeiro-ministro Mohammed Ghanouchi assume interinamente a Presidência e convoca eleições. Residência da mulher do presidente foi saqueada.
Manifestantes chamam mentiroso a Ben Ali. Foto EPA/LUCAS DOLEGA

Na quinta-feira à noite, Ben Ali anunciara que abandonaria a presidência em 2014, numa tentativa de acalmar a revolta iniciada há um mês. Mas as manifestações, na manhã desta sexta-feira, irromperam com mais força em Tunes e nas principais cidades. Na tarde desta sexta, o primeiro-ministro chegou a anunciar que Ben Ali decidira demitir o governo e convocar eleições legislativas antecipadas num prazo de seis meses. Ao mesmo tempo, era decretado o estado de emergência.

Mas por volta das 18 horas chegou a notícia-bomba: Ben Ali, no poder desde 1987, saíra do país.

A notícia foi confirmada na TV pelo primeiro-ministro Mohammed Ghanouchi, que em pouco tempo passou de demissionário a presidente interino, prometendo cumprir a Constituição e convocar eleições.

Segundo o correspondente do Guardian em Roma, Ben Ali terá fugido para Malta sob protecção da Líbia.

Durante todo o dia, as manifestações não pararam de crescer em Tunes e nas principais cidades do país. Na capital, o povo tomou a avenida Bourguiba, a principal da cidade, que ficou completamente cheia, com a maior concentração diante do ministério do Interior. Larga, ladeada de árvores frondosas, a avenida pode juntar centenas de milhares de pessoas.

Ouviam-se palavras de ordem contra o presidente, como "Ben Ali para a rua" ou "Ben Ali assassino", numa alusão aos manifestantes mortos pela polícia na última semana – mais de 70, desde o início da revolta, segundo uma organização de direitos humanos. No final da tarde houve choques entre a polícia e os manifestantes. A polícia usou gás lacrimogéneo.

“É uma grande alegria, alegro-me, como todos os tunisinos, pela saída do ditador. A transição deve ficar sob vigilância: não podemos dar carta branca a este governo que acompanhou Ben Ali todos estes anos”, disse ao Le Monde Kamel Jendoubi, militante dos direitos humanos tunisino.

Segundo o Libération, a residência da família de Leïla Trabelsi, mulher do presidente, foi invadida e saqueada pelos manifestantes, que tiraram o Mercedes da garagem e saquearam e incendiaram a casa, depois de expulsar os seus habitantes.

Leïla Trabelsi é detestada e simboliza o confisco das riquezas do país pelo “clã Ben Ali”.

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