Passos Coelho vaiado na Feira do Livro

14 de maio 2012 - 11:14

O primeiro-ministro foi, domingo à tarde, à Feira do Livro de Lisboa com a mulher, numa visita que se pretendia particular e informal. Deteve-se demoradamente nos pavilhões e comprou livros. Mas não saiu de lá sem ser vaiado por um grupo de “indignados” que mesmo ali ao lado estavam reunidos na Primavera Global.

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Entre quem se queixava de “empobrecer a passos largos” ou estar “ passos do abismo”, numa clara alusão ao nome do primeiro-ministro, havia também quem segurasse cartazes onde se aconselhava Passos Coelho a assumir o risco e a oportunidade, ou seja, a demitir-se. Foto de Paulete Matos.

Este domingo à tarde, Pedro Passos Coelho foi ao último dia da Feira do Livro de Lisboa, acompanhado pela esposa, numa visita que se pretendia particular e informal. Deteve-se demoradamente nos pavilhões e comprou livros, acompanhado também pelo secretário de Estado da Cultura, Francisco Viegas, e pelo secretário-geral da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), Miguel Freitas da Costa. Ao contrário do que deve ter pensado, a tensão está instalada e os passeios informais não passam incólumes pelos jovens precários e desempregados. Não saiu de lá sem ser vaiado.



Como descreve o jornal Público, o passeio foi quase perfeito até aos últimos 20 minutos, quando algumas dezenas de indignados, que estavam concentrados desde a véspera num dos lados do Parque Eduardo VII, a propósito da iniciativa da Primavera Global, o vaiaram exibindo cartazes.



Passos Coelho não se descompôs e tentou dialogar por instantes com uma representante dos manifestantes, para nervosismo dos seguranças pessoais e da força policial que surgiu do nada.



A contestação subiu de tom, as palavras de ordem tornaram-se mais agressivas (“Fora, fora daqui, a fome, a miséria e o FMI”, “Passos, ladrão, o teu lugar é na prisão”, “Quem deve aqui dinheiro é o banqueiro”) e o primeiro-ministro desistiu: “Debate e diálogo, sim, mas não nestas condições.” Pouco depois entrava no automóvel oficial e abandonava a Feira do Livro, enquanto os manifestantes o acusavam de ser "piegas".



Esta reação por parte dos indignados que permanecem no Parque Eduardo VII seria previsível, atendo-se aos muitos cartazes e palavras de ordem que animaram a manifestação que teve lugar este sábado.



Entre quem se queixava de “empobrecer a passos largos” ou estar “ passos do abismo”, numa clara alusão ao nome do primeiro-ministro, havia também quem segurasse cartazes onde se aconselhava Passos Coelho a assumir "o risco e a oportunidade", ou seja, "a demitir-se".



Este último cartaz espelha a indignação perante as recentes declarações de Passos Coelho que disse que “o desemprego não pode ser encarado como uma coisa negativa, mas sim como uma oportunidade”. A frase foi alvo de muitas críticas e de indignação. Afinal estamos num país onde 35 por cento dos desempregados são jovens.