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Obama demite chefe militar do Afeganistão

General Stanley McChrystal criticara abertamente o presidente, o seu vice, Joe Biden, e diversos diplomatas. Substitui-o o general David Petraeus. Junho já regista recorde de mortes nas forças da Nato no Afeganistão.
Obama, seguido de Petraeus e de Robert Gates. Foto EPA/MICHAEL REYNOLDS

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou esta quarta-feira a demissão do general Stanley McChrystal do posto de comandante das forças militares no Afeganistão. A situação ficara insustentável depois da divulgação de críticas abertas do general a Obama e ao vice-presidente Joe Biden. O general David Petraeus, actual chefe do Comando Central dos Estados Unidos, substituirá McChrystal.

“Hoje aceitei a renúncia do general Stanley McChrystal como comandante da Força Internacional de Assistência para Segurança no Afeganistão (a força internacional liderada pela Nato). Fi-lo com grande pesar, mas também com a certeza de que é o correcto para a nossa missão no Afeganistão, para os nossos militares e para o nosso país”, disse Obama.

Para o presidente americano, “a conduta representada no artigo recentemente publicado [na revista Rolling Stone] não segue os padrões que devem ser estabelecidos por um comandante”. E acrescentou: “A nossa democracia depende de instituições que sejam mais fortes que indivíduos. Isto inclui a rigorosa adesão à cadeia de comando militar e o respeito ao controle civil sobre essa cadeia de comando”.

O artigo da Rolling Stone diz que McChrystal não gostou do primeiro encontro que teve com Obama, concluiu que o presidente não estava preparado e descreve a reunião como uma oportunidade para uma fotografia, que não demorou mais de dez minutos, e que Obama nem sabia quem ele era. No artigo, o general e os seus adjuntos criticam, às vezes ironicamente, o vice-presidente, Joe Biden, o embaixador dos EUA no Afeganistão, Karl Eikenberry, o assessor de Segurança Nacional, James Jones, e o enviado especial americano ao Afeganistão e ao Paquistão, Richard Holbrooke. Sobre o vice-presidente Joe Biden, o general McChrystal pergunta mesmo: “Quem é esse?”

McChrystal assumira o comando das forças no Afeganistão em Maio do ano passado e participou das discussões sobre a nova estratégia americana no país, que incluiu o envio de mais 30 mil homens.

O general Petraeus deverá assumir o posto assim que for aprovado pelo Congresso americano. Com 57 anos, Petraeus é considerado o responsável da estratégia que mudou o rumo da Guerra no Iraque.

Dois dias antes, Sherard Cowper-Coles, enviado especial britânico para o Afeganistão, já renunciara ao cargo. Apesar de não terem sido divulgados os motivos, o Guardian aponta que o ex-embaixador britânico considera que a guerra do Afeganistão não tem solução militar e quanto mais depressa isso for assumido, melhor.

Dificuldades crescentes

Sintoma de que as forças da Nato enfrentam cada vez mais dificuldades no Afeganistão, a Austrália anunciou no mesmo dia que vai reduzir a sua presença militar no país num prazo de dois a quatro anos. Uma sondagem publicada segunda-feira mostra que 61% dos australianos são a favor da retirada das tropas do seu país daquele cenário de guerra, contra 21% que optam pela manutenção do contingente. Desde 2001, 16 soldados australianos foram mortos no Afeganistão.

As baixas da Nato no Afeganistão, aliás, vêm crescendo. Junho ainda não acabou, mas já é o mês com o maior número de baixas para as forças lideradas pela Nato no Afeganistão. Segundo contagem feita pela agência de notícias Associated Press, 76 militares morreram neste mês, superando a marca anterior, de 75, em Julho de 2009. Dos 76 membros da Nato mortos, 46 eram norte-americanos. Para as forças militares dos Estados Unidos, o pior mês desde 2001 foi Outubro do ano passado, quando morreram 59 soldados.

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