O chefe militar dos EUA e da NATO no Afeganistão, general Stanley McChristal, vai encontrar-se com Obama nesta quarta feira, para dar explicações sobre as críticas que ele e os seus adjuntos fizeram ao próprio Presidente, ao vice-presidente Joe Biden e a outras figuras da administração norte-americana numa entrevista à revista Rolling Stone. McChrystal não gostou do primeiro encontro que teve com Obama, concluiu que o Presidente não estava preparado e descreve a reunião como uma oportunidade para uma fotografia, que não demorou mais de dez minutos. Um assessor do general diz que ele ficou “muito desapontado”, pois Obama nem sabia quem ele era. Na entrevista o general e os seus adjuntos criticam, às vezes ironicamente, o vice-presidente, Joe Biden, o embaixador dos EUA no Afeganistão, Karl Eikenberry, o assessor de Segurança Nacional, James Jones, e o enviado especial americano ao Afeganistão e ao Paquistão, Richard Holbrooke. Sobre o vice-presidente Joe Biden o general McChrystal pergunta mesmo: “Quem é esse?” Obama diz que o general cometeu um “erro de julgamento” e quer conversar com ele. As notícias não referem a probabilidade do general ser demitido das suas funções.
Entretanto, o Congresso norte-americano tornou público um informe (a que pode aceder aqui, em inglês), no qual denuncia que os norte-americanos estão a pagar muitos milhões de dólares a senhores da guerra e talibãs para deixarem passar os comboios de camiões de abastecimento sem serem atacados.
Para o Congresso, trata-se de operações mafiosas, pois nalguns casos em que não foram feitos pagamentos, os veículos foram atacados pelos mesmos homens que costumam receber o pagamento. O informe sublinha também que este dinheiro dado aos senhores da guerra mina a própria autoridade de qualquer governo de Cabul.
Para o informe, o problema principal para esta rede florescer reside no facto do exército norte-americano estar a pagar a empresas de transporte privadas para abastecerem as tropas dos EUA e da NATO. Estas empresas para garantir a sua segurança e o transporte pagam aos senhores da guerra, que controlam as estradas. Com este dinheiro constituem-se autênticos exércitos que controlam vastas áreas.
No Afeganistão proliferam centenas de empresas privadas de segurança que empregam mais de 70.000 pessoas armadas, o que em Cabul é denominado de quarto exército.
