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“Não é compreensível tanta brandura com o sr. Orbán”

Marisa Matias participou num debate sobre a crise dos refugiados e a resposta europeia, esta quarta-feira no Café Ceuta no Porto. E não poupou críticas à complacência da UE com a xenofobia do governo da Hungria.
Marisa Matias. Foto GUE-NGL/Flickr

A eurodeputada Marisa Matias acusou os governos europeus de serem coniventes com a xenofobia do governo húngaro contra os refugiados, por este pertencer à família política que detém o poder na UE, o Partido Popular Europeu do PSD e do CDS. Nesta sessão realizada no âmbito da campanha do Bloco de Esquerda no Porto, Marisa Matias apresentou as origens da atual crise de refugiados e a forma como antes da primavera árabe, a gestão dos fluxos migratórios era entregue pela Europa aos ditadores do Norte de África através dos mecanismos de migração, não havendo forma de saber quantos terão morrido pelo caminho.

O agudizar da guerra civil na Síria, com o apoio militar aos grupos que viriam a formar o Estado Islâmico, e a desestabilização política da região, provocaram uma deslocação massiva de refugiados e emigrantes que procuram entrar no espaço europeu, com a primeira resposta europeia, posta em prática pelo governo italiano - Mare Nostrum - a ser travada por pressão de David Cameron e de Bruxelas, e substituída por um priograma de patrulhamento que fez aumentar o número das vítimas de naufrágio.

Marisa Matias acusou os países europeus de “continuarem com a compra de petróleo que provém do Estado Islâmico e que é vendido através da Turquia”, ao mesmo tempo que fecham as fronteiras, pondo mesmo em causa o próprio conceito de refugiado. Por exemplo, “a numeração dos refugiados só nos faz relembrar os tempos da II Guerra Mundial”, acrescentou a eurodeputada.

Quanto ao atual debate sobre as quotas de refugiados para os países da UE, Marisa Matias lembrou que ela apenas se refere “aos 120 mil dos que já cá estão. Mas não há proteção sobre os que querem fugir da guerra, não há corredores humanitários para garantirem a segurança dos que querem fugir”. E mesmo assim, prosseguiu a eurodeputada, “ainda tivemos de assistir à vergonha de Pedro Passos Coelho a regatear o número de refugiados, que só mudou com a falta de apoio e a tomada de posição oposta pela senhora Merkel”.

“É preciso desmistificar a ideia de que as pessoas vêm porque procuram melhores condições económicas de vida. As pessoas não se colocam em risco de vida, nem abdicam de tudo, nem gastam as suas economias para mandar vir os familiares para a Europa só porque querem”, defendeu a eurodeputada, criticando a “leviandade indescritível” dos comentários xenófobos à vinda de refugiados e elogiando a solidariedade do povo português que se traduz em mais inscrições de voluntários para receber refugiados do que o número acordado por Passos Coelho para a quota que caberá a Portugal.

Marisa Matias acompanhou a campanha do Bloco no Porto durante o dia, com o candidato José Soeiro, que passou por um almoço no Mercado do Bolhão, um encontro com trabalhadores da Unicer e uma arruada em Gaia. Esta quinta-feira, a eurodeputada volta a estar ao lado de Soeiro no contacto com trabalhadores da Efacec em Matosinhos, numa passagem pela Feira de Pedras Rubras e numa reunião no Porto com a delegação portuguesa da Rede Europeia Anti-Pobreza.

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