Marrocos: Milhares saíram à rua para pedir reformas

25 de abril 2011 - 12:41

Milhares de pessoas saíram este domingo às ruas de Marrocos para reclamar mais democracia e justiça social. Foi o terceiro dia de grandes protestos desde que as manifestações começaram em Fevereiro passado.

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Cerca de 10 mil pessoas participaram nos protestos em Casablanca. Foto Karim Selmaoui/EPA/LUSA.

Segundo a agência AFP, os protestos começaram logo pela manhã nas cidades de Casablanca, Tânger e Marraquexe, seguindo o apelo do movimento de jovens "20 de Fevereiro", que exige mudanças políticas e sociais em Marrocos, ao considerar insuficientes as medidas do monarca. Outras manifestações aconteceram na capital, Rabat, e em Fez.

Cerca de 10 mil pessoas participaram nos protestos em Casablanca. Os manifestantes na capital - Rabat, 6 mil, segundo o El País, também denunciaram a corrupção, a tortura e o desemprego, muito elevado entre os jovens.

O Movimento 20 de Fevereiro, assim chamado em homenagem ao dia da sua primeira marcha, “é mais sobre os jovens do que sobre nós“, disse Redouane Mellouk, que levou para a manifestação o seu filho de oito anos, Mohamed Amine, que carregava um cartaz pedindo “Um Novo Marrocos“.

“Os nossos pais não podiam falar connosco sobre questões políticas. Eles estavam com muito medo. É preciso mudar isso!“, disse Mellouk à agência Reuters.

Os islamitas também se juntaram aos protestos, exigindo a libertação de todos os presos políticos, e não só os 92 que já foram libertados este mês, alegadamente membros do grupo islâmico Jihad Salafista. O grupo islâmico Al Adl Wal Ihsane, que foi banido, tem mantido uma posição de observador no Movimento 20 de Fevereiro, mas está a favor.

Em Marraquexe, cinco centenas de pessoas manifestaram-se pela adopção de reformas políticas. Em Tânger, foram cerca de dois mil participantes, que também criticaram a administração do prefeito da cidade e pediram a sua demissão, noticia o El País.

“É excelente o que está a acontecer em Marrocos. É uma revolução silenciosa”, disse à Reuters Nadia Yassine, filha do fundador do Movimento 20 de Fevereiro. “Movemo-nos lentamente, mas com determinação”, acrescentou Yassine.

Para conter os protestos o rei Mohammed VI vai prometendo reformas

De modo a tentar aplacar as massas e evitar a turbulência que derrubou os líderes na Tunísia e no Egipto, as autoridades já anunciaram algumas reformas, indo de encontro às exigências dos manifestantes, que exigem do rei Mohammed VI a cedência de alguns poderes e a diminuição da influência na economia marroquina.

Marrocos é uma monarquia constitucional com um parlamento eleito, mas a Constituição confere ao rei a possibilidade de dissolver o parlamento, impor o estado de emergência e ter a última palavra sobre as nomeações governamentais.

O rei Mohammed VI já anunciou reformas constitucionais, como a desistência de alguns dos seus amplos poderes e a independência do sistema judiciário. No entanto, os manifestantes exigem mais, como a diminuição da participação da holding SNI, da família real, nos negócios do país.

Um dos cartazes que os manifestantes levaram para as ruas de Casablanca, retratava o rei como um polvo, cujos tentáculos se estendiam para empresas subsidiárias. “Ou o dinheiro, ou o poder“, dizia.