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“Maioria absoluta nunca resolveu problemas do país”

Num almoço de campanha que encheu o Pavilhão Atlântico, Catarina Martins afirmou que o PS “é a desilusão destas eleições” e acusou a direita de ter tido o governo mais extremista e ideológico nos últimos quatro anos, em que governou sempre contra a Constituição.
Foto Paulete Matos

“Estas são as eleições mais decisivas das últimas décadas”, afirmou Catarina Martins, saudando a “grande campanha” que o partido tem feito por todo o país. “Estamos em todo o lado porque uma solução para o nosso país precisa de toda a gente”. Em seguida falou de um partido “rejuvenescido e renovado” e evocou os fundadores do Bloco de Esquerda e o seu legado para “a luta das nossas vidas”. “Dizem-nos que somos agora o partido das mulheres. Eu digo que somos o partido das mulheres e dos homens que sabem o que significa a igualdade e a liberdade”, afirmou Catarina Martins este domingo num almoço com cerca de duas mil pessoas no Pavilhão Atlântico, que foi a maior iniciativa de campanha desde a fundação do Bloco de Esquerda.

O discurso de Catarina Martins resumiu a destruição económica e social do país nos últimos quatro anos de governo e criticou a campanha da direita, “agora com o seu traje de sensibilidade social”, dizendo que o centro das preocupações são as desigualdades sociais, com a “ideia extraordinária das Parcerias Privadas Sociais”. “Não contentes com terem aumentado a pobreza como nunca no nosso país, o que a direita propõe agora é transformar a pobreza num gigantesco negócio, acabando com a Segurança Social pública para colocar no seu lugar medidas assistencialistas, caritativas, privadas que humilham todos quantos devem ser respeitados”, acusou a porta-voz bloquista.

Catarina Martins. Foto Paulete Matos

Em relação à campanha do Partido Socialista, Catarina registou a resposta ao seu desafio no debate televisivo com António Costa. “O PS diz que não quer nem conversas nem compromissos com o Bloco”, afirmou Catarina, lançando a pergunta: "A quem é que o PS prometeu a flexibilidade nos despedimentos e o corte nas pensões? Com quem é o que o PS fez esses compromissos?". Para Catarina Martins, é hoje claro que “o Partido Socialista não quer a restruturação da dívida porque já tem um compromisso com o Tratado Orçamental, com a austeridade por 20 anos, com Angela Merkel”.
 
"O PS é a desilusão destas eleições. Tanta gente que acreditou quando ouviu António Costa dizer que queria combater a austeridade e que era preciso fazer diferente. E agora olham para o PS, um partido aflito, a pedir a maioria absoluta para um programa que não é capaz de explicar, em não percebemos em que é que a sua austeridade se distingue da austeridade que temos vivido até agora. Percebemos que a maioria absoluta dá jeito ao PS, mas isso não resolve nenhum dos problemas do país”, concluiu a porta-voz do Bloco.

Mariana Mortágua: “O grande argumento do PS é o medo de Passos Coelho”

Mariana Mortágua. Foto Paulete Matos.

Mariana Mortágua apresentou o que tem sido “o jogo da democracia portuguesa ao longo dos últimos 40 anos”: “é o jogo do ‘preferias’, que consiste em alguém nos dar duas opções igualmente más e nós somos obrigados a escolher uma dessas opções”.

“Preferias uma PPP da Lusoponte feita pelo PSD ou uma PPP da Fertagus feita pelo PS? 20% da EDP privatizada pelo PSD ou 20% da EDP privatizada pelo PS? A dívida pública criada pelo PSD ou a dívida pública criada pelo PS? Um ministro da Economia que o PS foi buscar à direção do BES ou um governante de investimentos que o PSD foi buscar à administração do BES? O PS ou o PSD”, resumiu Mariana Mortágua.

“Ano após ano, os portugueses foram condicionados nas suas escolhas, limitados a uma escolha que não queriam fazer, mas faziam na esperança que fosse a escolha que garantia o menor dos males”, prosseguiu a cabeça de lista do Bloco por Lisboa, concluindo que “foi por causa destas regras que ano após ano cada vez mais pessoas desistiram de jogar este jogo”.

Esta escolha condicionada, prosseguiu Mariana Mortágua, reflete-se nas sondagens diárias – “preferes as que dão a vitória ao PS ou à coligação de direita? – e também nas promessas de campanha – “preferes as tuas pensões cortadas ou congeladas?”. “Mas a vida não é um jogo do preferias: a vida é aquilo que nós quisermosfazer dela. A política não pertence aos negócios e às agendas escondidas. Pertence-nos a nós, a quem quer fazer a diferença”, concluiu.

Mariana Mortágua acusou ainda o PS de não explicar como fará algumas das propostas do seu programa, como a mexida dos escalões do IRS ou a reposição dos apoios sociais. “O que sabemos da campanha do PS é que António Costa recusou o desafio de Catarina Martins e do Bloco de Esquerda para pôr de lado o congelamento das pensões e o despedimento por consenso. O PS faz uma campanha baseada não na clareza das suas ideias ou da qualidade do seu programa, mas o medo de Passos Coelho”.

Pedro Filipe Soares: "O pesadelo de um governo, uma maioria e um presidente de direita acaba no dia 4 de outubro"

Pedro Filipe Soares. Foto Paulete Matos

Na sua intervenção, o segundo candidato da lista por Lisboa manifestou a sua confiança de que “esta onda bloquista vai fazer a diferença no dia 4 de outubro”. Pedro Filipe Soares alertou para a “chantagem” que vai dominar a última semana de campanha, após termos assistido “às imagens batidas, os clichés, os fantasmas do passado e os guiões de campanha que de eleição em eleição são sempre os mesmos”

“Não se vai falar de outra coisa que a governabilidade, e todos os artifícios vão ser utilizados”, previu o líder parlamentar bloquista, ao ver Passos Coelho “todo falinhas mansas”, “a falar ao ouvido dos pensionistas a quem cortou pensões, aos jovens que mandou emigrar, aos desempregados a quem tirou o posto de trabalho. Então um lobo vestido de cordeiro não continua a ser um lobo, não continua a querer fazer a austeridade como Passos Coelho?”, questionou.

Pedro Filipe Soares declarou ainda que “não haverá maioria absoluta” a 4 de outubro e que por isso “o centro do poder estará na Assembleia da República”. “Engana-se quem achar que nas eleições se escolhe o primeiro-ministro. Elegem-se deputados e é daí que vai sair a política e o governo”, concluiu o candidato bloquista, lembrando que na última legislatura “oito deputados em 230 fizeram toda a diferença”, por exemplo na iniciativa da bancada do Bloco de Esquerda para resgatar o 13º mês cortado e a reposição do valor das pensões no Tribunal Constitucional.

Veja aqui os vídeos das intevenções:

Catarina Martins | Discurso no Pavilhão Atlântico | ESQUERDA.NET

Mariana Mortágua | Discurso no Pavilhão Atlântico | ESQUERDA.NET

Pedro Filipe Soares | Discurso no Pavilhão Atlântico | ESQUERDA.NET

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