Liquidação do grupo têxtil Ricon lançará 580 trabalhadores no desemprego

29 de janeiro 2018 - 14:07

Relatório do administrador de insolvência refere que, com a cessação da parceria com a Gant, o Ricon torna-se "economicamente inviável”. Bloco questionou Governo no início de janeiro sobre a situação do grupo, sublinhando a necessidade de salvaguardar os postos de trabalho e os direitos dos trabalhadores.

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Grupo Ricon gere exclusiva da rede de 20 lojas da Gant em Portugal. Foto anabananasplit, Flickr.

De acordo com o relatório do administrador de insolvência nomeado pelo Tribunal de Famalicão, Pedro Pidwell, citado pelo Jornal de Notícias e Dinheiro Vivo, a Gant, multinacional de origem norte-americana com sede na Suécia, "declinou todos os "ângulos de entrada" que lhe foram apresentados", quer pela Administração do grupo Ricon quer pelo próprio administrador judicial, "recusando participar em qualquer solução que permitisse salvaguardar a continuidade da atividade da empresa e que permitisse a não liquidação do grupo".

Pedro Pidwell frisa que a Gant, que foi vendida em 2008 à holding suíça Maus Frères, dona da marca Lacoste, “foi intransigente, declinando qualquer hipótese de intervenção no projectado processo de reestruturação do grupo Ricon, rejeitando todos os cenários de reestruturação que lhe foram apresentados, designadamente através da sua entrada directa na operação, através de terceiros investidores e/ou, finalmente, através da reestruturação da dívida existente".

O administrador de insolvência aponta que, neste contexto, “a massa insolvente vai despedir os trabalhadores e propor a liquidação do acervo patrimonial".

Entre a lista de credores, encontra-se o Grupo Gant, que reivindica perto de cinco milhões de euros. A Banca é o principal credor, com mais de 16 milhões de euros em dívida. Segundo o Negócios, o Santander apresenta-se como maior credor, herdando os créditos do Banif no valor de 9,8 milhões de euros. Seguem-se o BPI (4,1 milhões), o Novo Banco (3,6 milhões) e a CGD (1,3 milhões). O jornal escreve ainda que a Segurança Social tem a haver da Ricon Industrial cerca de 94 mil euros.

"Estamos esgotados psicologicamente"

Em declarações ao Jornal de Notícias, uma das trabalhadoras do grupo Ricon relatou a situação dos trabalhadores: "Trabalho não falta, mas o ambiente é pesado por causa da situação em que estamos".

"Da forma que vejo as coisas na fábrica, as minhas colegas, se calhar já esperávamos o encerramento mas não é o que queremos", lamentou.

Com dois filhos a cargo, o desemprego "vai ser muito complicado".

Bloco questionou Governo no início de janeiro

A 8 de janeiro, os deputados José Soeiro, Isabel Pires e Pedro Soares questionaram o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social sobre a situação do Grupo Ricon, salientando que “um eventual encerramento da empresa despoletaria uma crise social e económica de grande dimensão para a região, certamente com repercussão nacional, mas desde logo para muitas famílias que seriam afetadas pelo desemprego”.

Na missiva, os deputados bloquistas perguntavam ao Governo se estava a acompanhar a situação do grupo Têxtil Ricon e que medidas estava a tomar, ou pensava vir a tomar, de modo a garantir que a produção tenha continuidade e a evitar que centenas de postos de trabalho sejam colocados em causa.

O Bloco questionava ainda sobre se o executivo estaria a acautelar que os direitos e interesses dos trabalhadores, incluindo os salários e subsídio de Natal, serão salvaguardados.

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