Líbia: batalha final por Trípoli ainda não terminou

22 de agosto 2011 - 11:03

O líder líbio Muammar Kadafi, que assistiu na madrugada de segunda-feira à tomada da capital pelos combatentes rebeldes e aos festejos dos líbios pela sua queda iminente, continua ainda na sua residência em Trípoli, no complexo militar de Bab Al-Aziziya.

PARTILHAR
Em várias cidades líbias, como Benghazi, celebrou-se já o fim do regime de Kadafi. Foi nesta cidade, no Leste do país, que a 17 de Fevereiro os combatentes iniciaram a revolta contra o ditador. Foto LUSA/EPA/SRT.

Na madrugada desta segunda-feira, a celebração da queda do regime aconteceu em várias cidades líbias e nalguns distritos da capital, Trípoli, tomados pelos rebeldes, incluindo a Praça Verde, símbolo do regime. A imprensa internacional anuncia que o regime autocrático com o qual Kadafi governou a Líbia ao longo de mais de quatro décadas está à beira do fim.



Contudo, a informação de que Kadafi ainda resiste protegido na sua residência em Trípoli, no complexo militar de Bab Al-Aziziya, foi confirmada por um diplomata britânico que se encontra na capital líbia, citado pela imprensa internacional.

Colunas com centenas de combatentes rebeldes rumam à Praça Verde, coração da capital, avança a agência Reuters. A aviação da NATO continuará a patrulhar o espaço aéreo da Líbia até à rendição de Khadafi, avança a AP.



O Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão político da rebelião, afirma estar pronto a mudar-se de Benghasi, na Líbia Oriental, para Trípoli. Mustafá Abdul Jalil, antigo ministro do regime de Khadafi e desde há meses líder do CNT, avisou desde já também que se demitirá se os rebeldes levarem a cabo actos de vingança contra os leais ao regime. “Há grupos extremistas islâmicos que querem vingança e criar turbulência na sociedade líbia. E eu não terei qualquer honra em ser líder do Conselho Nacional de Transição com rebeldes que o façam”.



Fortes combates prosseguem esta manhã em redor de Bab Al-Aziziya, a enorme fortaleza de Khadafi na capital que foi alvo de vários raides da missão da NATO desde o início das suas operações, mandatadas pelas Nações Unidas, em Março passado. Muitos dos edifícios do complexo estão destruídos mas existe uma enorme rede de bunkers subterrâneos onde se crê que o coronel esteja abrigado.



Durante a noite o movimento rebelde – que lançou esta ofensiva sobre Trípoli ainda na tarde de sábado, em coordenação com o CNT – conseguira já o controlo da Praça Verde, local simbólico onde os apoiantes do regime se reuniram nos últimos meses dando aval ao coronel.

UE já fala em Líbia pós-Kadafi

De olhos postos nesta batalha final por Trípoli, a comunidade internacional tenta aferir durante quanto tempo as forças de Kadafi irão resistir à ofensiva rebelde, tendo a União Europeia frisado já que está “activamente a planear” uma Líbia sem o coronel. “Os planos pós-Kadafi estão em curso. Temos trabalhado numa série de cenários no que toca ao nosso apoio na era pós-Kadafi”, afirmou porta-voz da chefe da diplomacia da UE.

A NATO, que bombardeia as forças do ditador líbio há seis meses, apela aos rebeldes para manterem a unidade do país e a trabalharem a favor da reconciliação nacional, anunciando também o fim do regime líbio. “O regime de Khadafi está claramente a afundar-se”, afirmou em comunicado o secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen.



“A NATO está preparada para trabalhar com o povo líbio e com o Conselho Nacional de Transição, sobre quem recai uma grande responsabilidade”, continuou o secretário-geral da Aliança Atlântica.

(notícia em actualização)