Isenção de avaliação é "presente envenenado", diz Fenprof

21 de agosto 2011 - 13:07

Para Mário Nogueira, a intenção do governo isentar 40 mil professores em topo de carreira do modelo de avaliação serve apenas para que estes aceitem “um modelo não por ser bom mas por não se lhes aplicar”.

PARTILHAR
Mário Nogueira diz que a proposta de Nuno Crato é “um regime novo para um modelo velho”. Foto rtppt/Flickr

Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral da Fenprof afirmou que a isenção de avaliação de professores no 8.º, 9.º e 10.º escalões prevista no novo modelo de avaliação de desempenho proposto pelo Ministério é “uma tentativa clara de ganhar aqueles professores”. Nogueira diz que a proposta de Nuno Crato é “um regime novo para um modelo velho”, com o qual o governo não conseguiu romper.



Sobre a isenção de avaliação aos professores mais antigos, o sindicalista é cauteloso. “Não temos a certeza de que não esteja ali um presente envenenado”, afirmou Mário Nogueira, que rejeita a “leitura simples” de que por terem já cerca de 30 anos de carreira estes docentes não devem ser avaliados como os outros.



"Não faz sentido pensar que um professor num escalão superior não tem problemas ou tem menos do que outro professor num escalão abaixo”, argumentou Mário Nogueira, que desconfia que o governo esteja a “reservar para esses professores o papel de avaliadores”. “Não nos parece que esses professores prefiram ser avaliadores externos, andar de escola em escola sem ter certeza sobre quem lhes paga as deslocações ou se têm reduções de horário para desempenhar essas funções e serem avaliados por directores”, acrescentou.



Sobre as reuniões que irão juntar governo e sindicatos nos próximos dias, o líder da Fenprof diz que "queremos sobretudo perceber como é que as coisas funcionam", já que “quanto mais olhamos [para o modelo de avaliação proposto] mais perguntas e menos certezas temos”.



“Não queremos uma avaliação complexa, mas há neste modelo coisas feitas de maneira muito vaga e simplista. Queremos sobretudo perceber como é que as coisas funcionam”, acrescentou, dando o exemplo da proposta da “bolsa de avaliadores externos”. “São as próprias escolas a que pertencem que os designa? São as outras escolas? E nesse caso quem vai pagar deslocações e que reduções de horário vão ter esses professores avaliadores?”, questionou.