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Implementação da TDT em Portugal "é um escândalo", acusa CT da RTP
Em comunicado divulgado esta terça-feira, a CT da RTP diz que a forma como está a ser desenvolvida a implementação da Televisão Digital Terrestre em Portugal "é um verdadeiro escândalo económico e político com graves consequências sociais a curto, médio e longo prazo".
Os trabalhadores do serviço público de televisão interrogam-se sobre o facto de na Europa a TDT ter sido o "catalisador de uma explosão de variedade de oferta televisiva", com muitas dezenas de canais de acesso livre em cada país, enquanto Portugal "terá como triste distinção o facto de ser o país europeu com o menor número de canais nesta plataforma". Para a CT da RTP, a explicação é simples: "porque tudo neste processo da TDT foi motivado, não pela defesa do bem público, mas sim pela defesa do bem privado, nomeadamente das operadoras de telecomunicações móveis".
A entrega do desenvolvimento da plataforma TDT à Portugal Telecom, "que tem como principal atividade a venda de pacotes de cabo através do Meo", é alvo de fortes críticas dos trabalhadores da RTP, bem como as "decisões políticas de todo incompetentes", como a "de assegurar a cobertura de uma percentagem de território em vez de assegurar a cobertura de uma percentagem de população", uma diferença que parece de pormenor, mas que é responsável por deixar mais de um milhão de pessoas sem acesso à televisão. Os elogios de responsáveis da ANACOM ao modelo seguido apesar de todas as queixas das populações do interior, as mais afetadas por esta exclusão tecnológica, só podem explicar-se, no entender da CT da RTP, "pela dolorosa evidência de que, em Portugal, o regulador do setor das telecomunicações é financiado por aqueles que regula".
Os trabalhadores da RTP exigem um outro modelo de TDT "que integre os canais que atualmente existem e os que facilmente podem ser criados, tendo em atenção o interesse da população, e com cobertura total do território de forma a garantir um serviço público de televisão e rádio - direito fundamental constitucionalmente consagrado, daqueles que o pagam, os Portugueses", conclui o comunicado.
As autarquias do interior continuam a contestar o processo de implementação da TDT, que prevê cortar o sinal analógico por completo no fim de abril. Depois dos autarcas de Arganil, Oliveira do Hospital e Seia terem reunido com deputados na semana passada, agora foi a vez do presidente da Câmara de Vouzela, eleito pelo PSD, apelar ao adiamento deste prazo. Telmo Antunes fez as contas e diz que quase metade da população do concelho vive em zonas sem cobertura da TDT, o que vai obrigar toda a gente a comprar parabólicas para continuar a ver televisão.
Também a Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto denunciou que “quase todas as aldeias, das 27 que existem na rede, não têm cobertura da Televisão Digital Terrestre a não ser através do satélite”. A Agência com sede no Fundão lembra os 30 milhões de euros que foram gastos na recuperação de habitações das Aldeias do Xisto, onde as antenas foram eliminadas e os cabos enterrados, para agora serem obrigados a colocar uma parabólica em cada telhado destas aldeias históricas.
Comentários
Infelizmente este tipo de
Infelizmente este tipo de atitude só mostra o país em que vivemos, país esse que segue cada vez mais as regras do capitalismo e negligenciando os mais fracos e colocando em causa a própria democracia.
É inadmissível que o governo tome decisões deste tipo sem se interessar pela opinião dos portugueses. E mais inadmissível é o facto de todos serem obrigados a pagar um serviço de que só usufruirão comprando os dispositivos tecnológicos necessários e assim ter gastos que rondam os 100€.
Não fosse o facto de cada vez mais famílias viverem em dificuldades, diria até que não existe crise. Isto só evidencia a falta de preocupação do governo com aqueles que mais sofrem, aliás parece até que são criadas condições para que os ricos fiquem mais ricos e os podres mais pobres.
Na minha opinião todos aqueles quem não podem ou querem usufruir deste serviço devem exigir que não lhes seja cobrada a taxa que pagam para ver televisão incluída na factura da EDP.
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