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Grécia: programa de ajustamento financeiro vai ser reforçado

Um ano depois de ter começado a aplicar um duro programa de austeridade em troca da “ajuda” financeira da zona euro e do FMI, a Grécia vai ter de adoptar um novo plano de ajustamento, ainda mais austero. Na mesa está também a hipótese de um novo empréstimo.
Um ano depois da entrada do FMI, a taxa de desemprego grega ultrapassa já os 15 por cento e a recessão aprofunda-se tendo o banco central grego previsto uma queda da economia de 3 por cento em 2011 – o terceiro ano consecutivo de recuo do PIB. Foto: Faixa em grego "FMI Go Home" ("FMI fora daqui").

A perspectiva da Grécia ter de adoptar um novo plano de ajustamento surge depois de uma reunião realizada em segredo na sexta-feira à noite, no Luxemburgo, entre os ministros das Finanças da França, Alemanha, Itália, Espanha e da Grécia, a par do presidente do Banco Central Europeu (BCE) e de um representante da Comissão Europeia. "Pensamos que a Grécia precisa de um programa de ajustamento suplementar", afirmou Jean-Claude Juncker, primeiro-ministro do Luxemburgo e presidente do eurogrupo (os ministros das finanças da zona euro), no final da reunião.

Um ano depois da entrada do FMI, todos reconhecem o agravamento da situação da Grécia - os responsáveis europeus estão conscientes de que Atenas nunca conseguirá regressar ao mercado para assegurar o seu financiamento como previsto em 2012 devido à forte desconfiança que continua a suscitar entre os investidores. Apesar da dura austeridade adoptada pelo Governo, imposta pelo FMI e pela UE, o défice orçamental não só não está a ser reduzido na proporção esperada, como foi superior em 2010 face ao previsto (10,5 por cento do PIB em vez de 9,4 por cento). Este ano foi adiado o prazo para o país pagar o empréstimo, de 2015 para 2021 mas com juros mais altos.

Perante esta situação, os responsáveis europeus estão a ponderar a possibilidade de reforçar os empréstimos de 110 mil milhões de euros a Atenas, e de prolongar por mais uns anos o prazo de reembolso. Contudo, a “ajuda extra” só poderá chegar se o Governo grego se comprometer com um pacote adicional de medidas de austeridade.

As dificuldades gregas estão a alimentar cada vez mais a especulação sobre uma eventual reestruturação da sua dívida, superior a 150 por cento do PIB, o que os participantes na reunião garantem que não está na ordem do dia. A especulação subiu de tom na sexta-feira com uma notícia da revista alemã Der Spiegel de que a reunião do Luxemburgo se destinava a discutir uma alegada intenção do Governo grego de sair do euro e reintroduzir a sua antiga moeda. Atenas reagiu de forma indignada.

George Papandreou, primeiro-ministro grego, considerou estes rumores "criminosos". "Nenhum cenário destes foi discutido nem sequer em contactos oficiosos", afirmou, apelando "a toda a gente na Grécia e fora, e especialmente na União Europeia, para deixarem a Grécia em paz para poder fazer o seu trabalho".

Na Grécia, a taxa de desemprego ultrapassa já os 15 por cento e a recessão aprofunda-se tendo o banco central grego previsto uma queda da economia de 3 por cento em 2011 – o terceiro ano consecutivo de recuo do PIB.

E a crise da dívida continua. A Grécia continua a pagar juros da dívida altíssimos, que já ultrapassaram os 25 por cento. O défice não baixou o previsto porque as receitas se afundaram devido à crise. A dívida atinge os 340 mil milhões de euros. Em 2012, a dívida do país deverá atingir o pico de 159 por cento do PIB.

Para dia 11 de Maio está já marcada nova Greve Geral, para protestar contra as mais recentes medidas de austeridade decretadas pelo Governo.

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