A Comissão Europeia promoveu na noite de sexta-feira uma reunião de emergência e secreta, no Luxemburgo, para discutir a crise económica grega e uma possível reestruturação rápida da dívida soberana, evitando a falência do país. À reunião compareceram os ministros das Finanças da Alemanha e da França, o presidente do Eurogrupo e o comissário europeu de assuntos económicos e financeiros, e ainda o presidente do Banco Central Europeu.
Na tarde de sexta-feira, o site da revista Der Spiegel anunciou que o governo grego estava a considerar abandonar o euro e reintroduzir a sua moeda, citando fontes próximas do governo alemão. O governo grego apressou-se a desmentir a notícia, dizendo que o artigo fora escrito com ligeireza incompreensível, apesar dos sucessivos desmentidos.
Mas o certo é que a crise da Grécia se agravou consideravelmente depois do plano de resgate do FMI e da Comissão Europeia. O próprio FMI prevê que a Grécia precisaria de uma taxa de crescimento anual de 2,7% para começar a reduzir a proporção da dívida em relação ao PIB. Mas a Grécia vive uma calamitosa contracção de 4,3% do PIB, provocada pelas medidas de austeridade exigidas pela UE e pelo FMI, daí o perigo de atingir em breve uma situação de suspensão dos pagamentos.
Segundo o Wall Street Journal, também terá estado em discussão na reunião de urgência um empréstimo adicional à Grécia. No mercado secundário, os títulos de dívida a dois anos da Grécia são transaccionados com juros de 25%, o que torna impossível ao país voltar a recorrer aos mercados a curto prazo. A reestruturação da dívida grega parece assim iminente, segundo analistas.
A exposição dos bancos alemães e franceses à dívida grega é nada mais nada menos que 87 mil milhões de euros. A dívida grega adquirida pelo BCE seria de 40 mil milhões.