Grécia: O acordo com a troika morreu, diz a Syriza

08 de maio 2012 - 15:53

Um dia depois de a direita ter anunciado que não consegue formar governo na Grécia, o presidente indigitou a coligação de esquerda para chegar a um acordo governativo. A Syriza diz que o sentido de voto dos gregos anulou o acordo com a troika e defende uma comissão para averiguar legalidade dívida grega.

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O líder da Syriza, Alexis Tsipras, recebeu do presidente da República, Karolos Papoulias, o mandato para tentar formar governo. Foto EPA/SIMELA PANTZARTZI

Antonis Samaras não gastou mais de 4 horas, dos três dias de que dispunha, para responder negativamente à indigitação que tinha recebido do presidente grego para formar Governo. “Fizemos o que podíamos e o impossível”, declarou o líder da direita conservadora e partido mais votado nas eleições de domingo (18,5%).

Com a indisponibilidade da Nova Democracia, o partido que enganou as contas gregas durante anos e esteve na origem do resgate internacional que afundou a economia do país, o presidente grego chamou a Syriza para formar governo.

A coligação de esquerda, que foi a grande surpresa das eleições (16,5%), anunciou que iria encontrar-se primeiramente com todas as forças de esquerda que se opõem ao acordo com a troika – antes de chamar os dois partidos que têm governando a Grécia nas últimas três décadas, o Pasok e a Nova Democracia.

Excluindo apenas o partido neonazi da ronda de consultas para a eventual formação de um Governo, o líder da Syriza, Alexis Tsipras, rejeitou o cenário de um acordo com a Nova Democracia. “Não pode haver qualquer governo de coligação nacional, como lhe chamou Samaras, porque a sua assinatura e compromisso com o resgate não representam a salvação, mas uma tragédia para o povo e do país”, declarou.

Na base dos encontros que a Syriza vai estabelecer com as outras forças partidárias, estarão alguns pontos avançados esta terça-feira pela coligação: a criação de uma comissão internacional para averiguar a legalidade da dívida grega e a rejeição do memorando assinado com Bruxelas e o FMI. Considerando que o acordo com a troika foi rejeitado nas urnas, e as suas condições alteradas, Alexis Tsipras diz que a Grécia não se encontra obrigada a cumpri-lo. A Syriza defende ainda a nacionalização da banca, o cancelamento das medidas de austeridade, previstas para o próximo trimestre, e o fim da flexibilização laboral acordada com Bruxelas.

A possibilidade de um acordo que junte os partidos que se têm batido contra a troika é, no entanto, bastante remota. Duas razões dificultam o entendimento da esquerda na Grécia. O bónus de 50 deputados atribuído ao partido vencedor tornou-se, ironicamente, um obstáculo à formação de um Governo. Por seu lado, o Partido Comunista Grego (KKE), que defende a saída imediata do país do Euro, recusou imediatamente qualquer coligação com a Syriza.

Se todas as tentativas se revelarem infrutíferas, o presidente grego deverá nomear um Governo com a representação de todas as forças parlamentares, com o único propósito de convocar eleições para meados de Junho.