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Grécia: “país passou a ser um protectorado”

Oposição grega denuncia instalação de uma delegação permanente da troika para garantir que o país cumpre as medidas de austeridade. Manifestantes impedem parada militar do “Dia do Não”.
Protesto no "Dia do Não"

O acordo dos líderes da Zona Euro para reduzir em 50% a dívida grega prevê que se instale em Atenas uma delegação permanente da troika para garantir que o país cumpre as medidas de austeridade que lhe foram exigidas e não se afasta dos objectivos estabelecidos para o défice. A presença permanente da troika vais ser consolidada num memorando a ser assinado nas próximas semanas. “Haverá um regime reforçado de supervisão relacionado com o cumprimento das obrigações do país”, afirmou a chanceler alemã Angela Merkel, acrescentando que este trabalho “manter-se-á ancorado ao memorando de entendimento” assinado com o país.

A decisão provocou uma onda de protestos. O conservador Partido da Nova Democracia, que faz parte da mesma família política do PSD português, o PPE (Partido Popular Europeu), denunciou que “o país converte-se num protectorado”. A esquerda, por seu lado, sublinhou que a Grécia saiu humilhada da cimeira, ao mesmo tempo que se mantém a profunda e prolongada austeridade.

O governo tentou explicar a presença da comissão permanente como uma forma de facilitar a colaboração entre a Grécia e a troika. Para o primeiro-ministro, George Papandreu, a vantagem é que acaba o espectáculo das visitas trimestrais da troika.

Não há, porém, como evitar a comparação da delegação com os antigos “vice-reis” que governavam as colónias dos impérios.

Dia do Não

A decisão de criar a delegação permanente da troika coincidiu, por ironia do calendário, com o “Dia do Não”, que assinala a data em que o governo grego rejeitou o ultimato de Benito Mussolini para permitir a instalação de tropas italianas na Grécia, em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial. A comparação do que o país vive hoje com aqueles acontecimentos foi inevitável.

O resultado foi que milhares de manifestantes anti-austeridade impediram a realização do desfile militar anual em Salónica, no norte da Grécia, chamando de "traidor" ao presidente Karolos Papoulias e a outras autoridades presentes, e forçando o presidente a abandonar o local. O desfile foi cancelado.

O protesto foi repetido noutras cidades gregas, incluindo Atenas, onde os manifestantes usaram fitas negras para protestar contra os impostos mais altos e os cortes nos salários e pensões exigidos pelos credores internacionais.

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